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Desavença em casa afeta transição

Mistura de papéis familiar e profissional prejudica projetos e sustentabilidade da parceria

DE SÃO PAULO

As desavenças em casa permeiam os muros da empresa. A relação entre pai e filho se sobrepõe à de chefe e subordinado no negócio.
Essa combinação é um dos erros que mais dificultam processos sucessórios consistentes, segundo especialistas.
Na empresa de segurança TLV Treinamentos, a mistura dos papéis familiar e profissional atrapalhou a parceria entre filho, Maurício, 25, e pai, Honorato Tavares, 59.
Depois de uma discussão intensa, o jovem abdicou da gestão e foi morar por seis meses em outra cidade. "É complicado ser sócio de alguém que exerce autoridade sobre você", avalia ele, que detém 20% do negócio.
Honorato aceitou a volta do filho à empresa, mas indicou que o rapaz "fizesse outra coisa também". Maurício, por precaução, concluiu a graduação em farmácia.
Ele conta que a boa relação, mantida há mais de um ano, fez o faturamento de
R$ 40 mil da empresa aumentar 10%. Quando tinham problemas de relacionamento, as quedas chegavam a 30%.
"O fundador, muitas vezes, encara a sucessão como uma substituição", considera o especialista em desenvolvimento de negócios familiares Eduardo Najjar.
"Falta profissionalismo nos processos [sucessórios]", complementa Paulo Lucena de Menezes, presidente da comissão de governança corporativa da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil).
O sócio da loja de brinquedos Semaan Marcelo Mouawad, 41, concorda. Segundo ele, o pai, fundador da empresa, mantém a autoridade paterna no trabalho.
"Entendo a diferença entre família e negócio, mas, para ele, é tudo a mesma coisa."

TREINAMENTO
Sueli Conte, 60, diretora e fundadora do Colégio Renovação, de São Paulo, diz que pensar na sucessão não é problema. Os dois filhos, afirma, "estão sendo preparados".
A questão central é deixar a cadeira, conta. "Farei um curso de sucessão, mas não penso em deixar a empresa."
Outro empecilho que pode dificultar o processo é não enxergar o perfil de quem poderá assumir a gestão.
Antonio Carlos Rodrigues, 55, dono da Rizzo Embalagens, tem três filhos, que optaram por carreiras diferentes das exigidas no negócio.
Com o cenário, o empresário cogita procurar profissionais do mercado. "Não posso depender apenas da família."
"O processo sucessório tem de sobressair aos problemas familiares", atesta Luis Fernando Pessôa, presidente da gestora Local Invest.

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