São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006


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FAZENDO ARTE

Cuidados são essenciais antes de dar patrocínio

Empresário deve checar histórico da produtora que oferece projetos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Antes de aplicar as leis de fomento à arte como estratégia de marketing, é importante que a empresa tenha planejamento.
É preciso estar atento à idoneidade do produtor, como exemplifica Priscila Netto, conselheira da Comissão de Averiguação e Análise de Projetos Culturais, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
"O patrocinador deve ter garantias de que o projeto proposto vai ser realizado por meio de um gerenciamento transparente", enfatiza. Segundo ela, uma das formas de proteção é fazer um contrato com direitos e deveres de ambos os lados.
De acordo com especialistas nas leis de fomento, o patrocínio só é válido quando faz sentido para a história e para o público da firma. A tendência é de integração entre o patrocinador e a sua política institucional. "Deve ser criada uma linha de marketing de acordo com os objetivos da empresa e o seu público-alvo", explica Netto.
A Omint, da área de saúde, seguiu esse caminho ao eleger a cultura como o canal de relacionamento entre seus clientes, fornecedores, funcionários e prestadores de serviço.
Há dois anos, patrocinou a peça "Pequeno Dicionário Amoroso" e, atualmente, está com a marca vinculada ao es-petáculo "O Avarento", protagonizado por Paulo Autran. Ambos receberam recursos por meio da Lei Rouanet.
"A empresa assina um momento especial na vida das pessoas, tornando-se simpática aos olhos do público em geral", justifica o diretor comercial da empresa, Cícero Barreto.
Para Yacoff Sarkovas, diretor da Significa e especialista em atitudes de marcas, ao investir em um projeto de um segmento diferente daquele em que atua, a empresa transmite atributos que valorizam a sua marca. "A cultura tem capacidade de sinalizar determinados estilos de vida: vanguarda, brasilidade e tradição, por exemplo."

Polêmica
Há um debate intenso nos bastidores da área cultural.
De um lado, há os que questionam o modo como os recursos estão sendo utilizados. Afirmam que as empresas financiam projetos sem compromisso com resultados.
Os defensores das leis de fomento, no entanto, dizem valorizar a possibilidade de determinar a aplicação do imposto no projeto em que acreditam.
"As leis possibilitam que tais empresas interfiram positivamente nos projetos culturais. Uma empresa de serralheria, de tecidos ou de marcenaria pode ajudar a implementar projetos de teatro, dança, bonecos e pequenas bibliotecas."
"Se é um dinheiro que vai ser gasto de qualquer maneira, por que não investir em cultura?", indaga Barreto, da Omint.
Outro argumento é que o investimento também alimenta toda a cadeia produtiva, gerando renda para o setor cultural.


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