São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004


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SP, PRÓXIMA PARADA

Pequenos ajustes, como suavizar temperos e aumentar comprimento de roupas, reduzem risco de fracasso

Importar marca exige estratégia

BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Conquistar a capital bandeirante é o plano de todo franqueador que busca dar à sua marca caráter nacional. A estratégia e os parceiros certos, no entanto, determinam o sucesso da expedição.
A Folha coletou informações sobre 40 redes ainda inéditas na cidade de São Paulo. Segundo as franquias, o que falta para abrir a primeira unidade em solo paulistano é achar o franqueado ideal.
Para o investidor, todo cuidado é pouco na hora de importar uma marca, alertam os consultores. É essencial analisar o negócio e o futuro franqueador, deixando de lado a pressa e a emoção.
Antes de fechar o contrato, é preciso se certificar de que o franqueador está de fato preparado para dar um suporte efetivo ao franqueado para enfrentar uma concorrência mais acirrada -bancando uma parte do marketing no começo, por exemplo.

Rato de laboratório
"O negócio pode tanto ser um fracasso como dar muito certo e estourar. É preciso cuidado para não se tornar um rato de laboratório", diz o consultor Marcus Rizzo, da Rizzo Franchise. Para diminuir riscos, o ideal é conversar com franqueados da marca.
Outro ponto de atenção é a adaptação das redes -que, em geral, têm caráter regional- à realidade paulistana. A dica é ver se o franqueador está preocupado em promover pequenas mudanças em seu mix de produtos ou até em sofisticar o atendimento. "O sistema de franchising é formatado, mas não pode ser inflexível. Muita gente já se fritou assim", diz Ana Vecchi, da Vecchi & Ancona.
A aceitação da novidade, segundo aponta a consultora, pode ser decidida por coisas simples, como abrandar temperos e apresentar os pratos de forma mais refinada (na área de alimentação) ou aumentar o comprimento de saias e shorts e criar uma linha de agasalhos para o inverno (em vestuário). O conselho é ser diferente sem ser "exótico demais".

Concorrência sadia
Interessante pela visibilidade que proporciona e por seu poder de consumo, o mercado paulistano também se distingue pela competitividade. "É um erro pensar que existe negócio sem concorrente. Em São Paulo, a concorrência é brutal. Há sempre produtos iguais, semelhantes ou que substituem o seu", lembra Marcelo Cherto, do Grupo Cherto.
A não ser que o serviço seja muito cobiçado, ser a única loja de uma marca em São Paulo não costuma ser bom. Para ele, o ideal é chegar à cidade "de verdade", com pelo menos quatro unidades.
Por essa razão, muitos franqueadores fazem de São Paulo o último destino a ser "conquistado" quando planejam a expansão. "Uma andorinha só, em São Paulo, não faz verão", diz Cherto.
O consultor sugere três saídas: o próprio investidor abrir mais lojas, negociar com o franqueador para que ele também abra unidades próprias na cidade ou condicionar a abertura ao aparecimento de outros interessados para fazer uma inauguração simultânea.


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