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RESTOS DE VALOR
Sites de resíduos negociam matéria-prima mais barata
Micro e pequenas empresas são maioria na comercialização de sobras
Roberto Assunção/Folha Imagem
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Em bolsas de resíduos e sites de leilão, é possível encontrar de restos de solventes usados a carros e equipamento de informática |
RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Tudo o que não presta e que
se joga fora." Esse é o significado de lixo em um dos principais
dicionários brasileiros. É, ainda, a definição dada por muitas
firmas para os resíduos descartados no processo industrial.
Para as federações regionais
das indústrias, no entanto, a
palavra tem outra concepção:
"subprodutos com potencial de
comercialização". As entidades
defendem que sobras de plásticos, solventes usados e restos
de madeira podem servir para a
elaboração de outros itens.
Foi com esse intuito -o de
compra e venda de materiais
que seriam jogados fora- que
nasceram as bolsas de resíduos.
São iniciativas para promover a
aproximação das empresas que
descartam essas substâncias e
das que querem adquiri-las.
O país já tem ações como essas distribuídas por Rio de Janeiro, Amazonas, Ceará, Paraná e Santa Catarina.
São Paulo é um dos Estados
que dispõem de uma bolsa de
resíduos pela internet. Além de
não ser necessário se associar à
Fiesp (federação das indústrias
paulistas) para utilizar o serviço, a participação é gratuita.
Relançada em 2002 -uma
primeira experiência foi feita
entre os anos de 1986 e 1994-,
reúne 1.704 empresas. Delas,
81,7% são micro e pequenas.
Entre 2002 e 2004, de acordo com a entidade, foram negociados cerca de R$ 20 milhões.
"A comercialização de resíduos
pelo site tem crescido ano a
ano. A expectativa é que mais
empresários integrem a bolsa",
prevê Ricardo Garcia, especialista em resíduos sólidos da
área de ambiente da Fiesp.
Lançada em 2000, a ação
conduzida pela Firjan (federação das indústrias fluminenses) conta com 280 empresas
cadastradas. Em uma pesquisa
de 2005 com 250 participantes
da bolsa de resíduos, 75,7% dos
90 respondentes disseram ter
sido consultados sobre os
anúncios postados no site no
ano passado. O índice fora de
50% em 2001. Em 2005, essas
companhias receberam, em
média, sete consultas.
Os empresários demonstram
estar animados com a iniciativa. Pelo levantamento da Firjan, 82,9% delas asseguram estar satisfeitas com o serviço.
"Normalmente, há a oferta
de produtos bem mais baratos
no sistema [do que os encontrados em lojas]. Também é
possível encontrar itens gratuitos", assinala Carolina Zoccoli,
analista de ambiente da Firjan.
Para o consultor de orientação empresarial do Sebrae-SP
(Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas)
Wlamir Bello, os bancos de resíduos são uma oportunidade
de o empresário rever o poder
de compra. "É uma alternativa
viável, já que é mais barata que
produtos novos", avalia.
E o mercado, segundo consultores, tem tudo para crescer.
Lucro no lixo
Na prática, enquanto para
uns a compra de resíduos é uma
forma mais barata de adquirir
matéria-prima, para outros, é
também uma maneira de dar
um destino a esse material.
"Não é a solução para os resíduos sólidos, mas é uma das
saídas para eles", diz Garcia.
NA INTERNET -
apps.fiesp.com.br
www.firjan.org.br
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