São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009


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CERTIFICAÇÃO À MÃO

Agricultor investe em atestados

Certificações de qualidade tornam-se diferenciais na produção agrícola de pequenos no sertão de PE

Márcia Gouthier/Divulgação
Jackson Rosendo com aparelho que usa para monitorar a produção

PAULA NUNES
ENVIADA ESPECIAL A PETROLINA (PE)

Foi querendo alcançar os consumidores que pagam caro para comer com qualidade atestada que o agrônomo Jackson Rubem Rosendo, 44, começou a plantar uva sem semente em 2003 em Petrolina (PE), no vale do rio São Francisco.
Para isso, assim que começou no cultivo da fruta, mirou as certificações e foi atrás de informações sobre como proceder no intuito de garantir bom preço e mercado no exterior. "Era uma época em que ainda estavam começando a falar em certificados", relembra.
A estratégia deu certo: ao seguir as normas, conquistou acesso a diversos países importadores quando passaram a exigir certificação, em 2007.
Com a crise econômica que derrubou o preço lá fora em fins de 2008 -no período da última colheita-, o agricultor voltou-se ao mercado interno.
Mais uma vez, diz ter sido beneficiado pela qualidade tipo exportação de suas frutas. Recebeu ofertas para vender por até R$ 6 o quilo, cerca de R$ 2 acima do negociado até 2007.
As certificações mantidas por Rosendo orientam toda a sua produção, atestando que as uvas são saudáveis, que utilizaram defensivos químicos auferidos e controlados, que a plantação tem infraestrutura correta e que os 24 funcionários fixos trabalham em conformidade com as leis trabalhistas.

Mercado maior
Assim como Rosendo, diversos pequenos agricultores da região do vale do rio São Francisco procuram certificações voluntárias para atestar a qualidade de produtos e serviços, ampliar o acesso ao mercado consumidor, otimizar e profissionalizar as práticas produtivas (veja mais nas págs. 3 e 4).
Segundo a pesquisadora do IEA (Instituto de Economia Agrícola) Geni Satiko Sato, as mercadorias certificadas têm como vantagem facilitar a entrada de produtores no varejo nacional e internacional.
"O comércio e a distribuição de alimentos estão passando por mudanças de exigência, com crescentes regulações qualitativas", explica Sato.
Mas chegar a esse grau de qualificação não custa pouco.
No caso de Rosendo, foi necessário investir R$ 500 mil em construção de banheiros, aquisição de tecnologia, sinalização dos lotes, logística de resíduos sólidos, entre outros itens.
O agricultor deve seguir uma lista com mais de 250 procedimentos. "Aqui, se espirrar, tem que anotar no papel", exagera.


A repórter viajou a convite do Sebrae.


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