São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009


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Custos de manutenção chegam a R$ 10 mil anuais

Exigência de atestados diversos por destino encarece o processo

DA ENVIADA ESPECIAL

A abertura de portas para mercados consumidores sofisticados, principalmente para países desenvolvidos, não acontece da noite para o dia nem sem altos investimentos.
Primeiro porque são exigidos diversos certificados para um mesmo produto, que variam conforme o destino.
O gasto médio de pequenos produtores rurais com a obtenção de cada um desses atestados é de R$ 2.000. Como de-vem ser renovados anualmente, eles desembolsam cerca de R$ 1.500 a mais por auditoria.
Existem ainda as despesas com análise de solo e de resíduos -que custam em média R$ 800 cada uma. Somando tudo, alguns produtores chegam a pagar R$ 10 mil anuais para manter seus certificados.
Isso sem contar o investimento que devem fazer em infraestrutura, que passa de R$ 100 mil por lote. As especificações técnicas exigem que o agricultor tenha banheiros, áreas isoladas para mistura de defensivos químicos e controle de resíduos, além de sinalização específica na propriedade.
Mas, se hoje os preços são salgados, quando a certificação passou a definir quem exporta, eles eram muito maiores. De acordo com a analista de negócios do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Edneide Libório, ela custava até R$ 20 mil, o que inviabilizava a aquisição do atestado por pequenos.
Por meio de parcerias, o Sebrae conseguiu credenciar empresas certificadoras, que passaram a atender com os preços atuais, mais acessíveis.
Para conseguir seguir as normas técnicas e obter margem de lucro mais folgada, a alternativa encontrada por Laércio Stenio, 24, foi dividir a produção de manga por lotes: a que vai para o mercado externo está certificada, as que ficam no mercado interno, não.
Pelos planos de Stenio, o próximo passo será ampliar a área certificada. "Ela embute um custo alto no início, mas depois é compensada porque reduz os desperdícios", diz.

Produção integrada
A fim de facilitar a obtenção das licenças internacionais, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) criou a PIF (Produção Integrada de Frutas), com base nos modelos estrangeiros, adaptando-os para a realidade local.
Por ter regras semelhantes, a PIF abre caminho para se conseguirem licenças como a Globalgap (exigida na Europa) e a Tesco (na Inglaterra). Isso significa que o agricultor que segue as normas de produção integrada já produz com controle de qualidade, monitoramento da produção e controle de resíduos dos defensivos químicos.
"Com ela, vende-se em qualquer lugar do mundo", opina o coordenador-geral de sistemas de produção integrada do Mapa, Luiz Carlos Nasser. Na prática, contudo, a PIF sozinha não garante a entrada de produtos brasileiros no exterior.


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