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Custos de manutenção chegam a R$ 10 mil anuais
Exigência de atestados diversos por destino encarece o processo
DA ENVIADA ESPECIAL
A abertura de portas para
mercados consumidores sofisticados, principalmente para
países desenvolvidos, não
acontece da noite para o dia
nem sem altos investimentos.
Primeiro porque são exigidos diversos certificados para
um mesmo produto, que variam conforme o destino.
O gasto médio de pequenos
produtores rurais com a obtenção de cada um desses atestados é de R$ 2.000. Como de-vem ser renovados anualmente, eles desembolsam cerca de
R$ 1.500 a mais por auditoria.
Existem ainda as despesas
com análise de solo e de resíduos -que custam em média
R$ 800 cada uma. Somando
tudo, alguns produtores chegam a pagar R$ 10 mil anuais
para manter seus certificados.
Isso sem contar o investimento que devem fazer em infraestrutura, que passa de R$
100 mil por lote. As especificações técnicas exigem que o
agricultor tenha banheiros,
áreas isoladas para mistura de
defensivos químicos e controle
de resíduos, além de sinalização específica na propriedade.
Mas, se hoje os preços são
salgados, quando a certificação
passou a definir quem exporta,
eles eram muito maiores. De
acordo com a analista de negócios do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Edneide Libório, ela custava até R$ 20 mil,
o que inviabilizava a aquisição
do atestado por pequenos.
Por meio de parcerias, o Sebrae conseguiu credenciar empresas certificadoras, que passaram a atender com os preços
atuais, mais acessíveis.
Para conseguir seguir as normas técnicas e obter margem
de lucro mais folgada, a
alternativa encontrada por
Laércio Stenio, 24, foi dividir a
produção de manga por lotes:
a que vai para o mercado externo está certificada, as que ficam no mercado interno, não.
Pelos planos de Stenio, o
próximo passo será ampliar a
área certificada. "Ela embute
um custo alto no início, mas
depois é compensada porque
reduz os desperdícios", diz.
Produção integrada
A fim de facilitar a obtenção
das licenças internacionais, o
Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)
criou a PIF (Produção Integrada de Frutas), com base nos
modelos estrangeiros, adaptando-os para a realidade local.
Por ter regras semelhantes, a
PIF abre caminho para se conseguirem licenças como a Globalgap (exigida na Europa) e a
Tesco (na Inglaterra). Isso significa que o agricultor que segue as normas de produção integrada já produz com controle
de qualidade, monitoramento
da produção e controle de resíduos dos defensivos químicos.
"Com ela, vende-se em qualquer lugar do mundo", opina o
coordenador-geral de sistemas
de produção integrada do Mapa, Luiz Carlos Nasser. Na prática, contudo, a PIF sozinha
não garante a entrada de produtos brasileiros no exterior.
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