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OPÇÃO DE RISCO
Mercado de capitais precisa ser visto com ponderação
Capital de giro da empresa deve ter prioridade na alocação de recursos
MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL
Há algumas semanas, quem
participou da oferta pública
inicial de ações, ou IPO, da Bovespa (Bolsa de Valores de São
Paulo) obteve, em um só dia,
valorização superior a 50%.
Na última sexta-feira, começaram as negociações da IPO da
BM&F (Bolsa de Mercadorias
& Futuros), que teve valorização de 22%.
Os bons ventos atuais do
mercado de capitais podem induzir o empresário a acreditar
que essa é uma maneira rápida,
fácil e certa de capitalização.
Utilizar o lucro obtido no
mês para aplicar na Bolsa é,
contudo, uma manobra arriscada, de acordo com Ricardo
Curado, consultor financeiro
do Sebrae (Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas).
"O dinheiro ganho deve ser
reinvestido na empresa, em capital de giro ou na compra de
máquinas. O empresário pode
ganhar na Bolsa, mas também
pode perder muito", avalia.
O consultor financeiro Gustavo Cerbasi, 33, acrescenta
que, para o empresário entrar
no mercado financeiro, deverá
utilizar sua renda pessoal.
"Ele não pode se esquecer de
que o investimento de maior
importância é o próprio negócio. Por isso deve ser conservador na hora de optar por fundos
que apresentem alto risco", diz.
Companheiros de risco
Cerbasi explica que o empresário não é impedido de investir como pessoa jurídica, mas
ressalta que, se os resultados
obtidos forem significativos,
poderá haver "desvio do objeto
social da empresa e motivo para questionamento fiscal".
Para quem, a despeito das advertências, ainda quer arriscar,
mas não sozinho, uma alternativa é unir-se a colegas e compor um clube de investimento.
A febre dessa modalidade é
evidente: segundo a Bovespa,
em 1996 havia 156 clubes; em
2007 o número foi para 1.990.
O gerente de acompanhamento de investidores institucionais Luís Felipe Lobianco,
38, esclarece que, apesar de ter
CNPJ, o clube não é empresa.
"Ele reúne uma série de pessoas interessadas em investir e
que somam seus recursos, o
que é uma vantagem", explica.
Entre os cuidados que o empresário deve ter ao eleger o
clube estão verificar se ele tem
ligação com a Bolsa de Valores
e se sua administradora tem
autorização da Comissão de
Valores Mobiliários para atuar.
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