São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007


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OPÇÃO DE RISCO

Mercado de capitais precisa ser visto com ponderação

Capital de giro da empresa deve ter prioridade na alocação de recursos

MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

Há algumas semanas, quem participou da oferta pública inicial de ações, ou IPO, da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) obteve, em um só dia, valorização superior a 50%.
Na última sexta-feira, começaram as negociações da IPO da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), que teve valorização de 22%.
Os bons ventos atuais do mercado de capitais podem induzir o empresário a acreditar que essa é uma maneira rápida, fácil e certa de capitalização.
Utilizar o lucro obtido no mês para aplicar na Bolsa é, contudo, uma manobra arriscada, de acordo com Ricardo Curado, consultor financeiro do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
"O dinheiro ganho deve ser reinvestido na empresa, em capital de giro ou na compra de máquinas. O empresário pode ganhar na Bolsa, mas também pode perder muito", avalia.
O consultor financeiro Gustavo Cerbasi, 33, acrescenta que, para o empresário entrar no mercado financeiro, deverá utilizar sua renda pessoal.
"Ele não pode se esquecer de que o investimento de maior importância é o próprio negócio. Por isso deve ser conservador na hora de optar por fundos que apresentem alto risco", diz.

Companheiros de risco
Cerbasi explica que o empresário não é impedido de investir como pessoa jurídica, mas ressalta que, se os resultados obtidos forem significativos, poderá haver "desvio do objeto social da empresa e motivo para questionamento fiscal".
Para quem, a despeito das advertências, ainda quer arriscar, mas não sozinho, uma alternativa é unir-se a colegas e compor um clube de investimento.
A febre dessa modalidade é evidente: segundo a Bovespa, em 1996 havia 156 clubes; em 2007 o número foi para 1.990.
O gerente de acompanhamento de investidores institucionais Luís Felipe Lobianco, 38, esclarece que, apesar de ter CNPJ, o clube não é empresa.
"Ele reúne uma série de pessoas interessadas em investir e que somam seus recursos, o que é uma vantagem", explica.
Entre os cuidados que o empresário deve ter ao eleger o clube estão verificar se ele tem ligação com a Bolsa de Valores e se sua administradora tem autorização da Comissão de Valores Mobiliários para atuar.


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