São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2007


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OPÇÃO DE RISCO

Investidores demandam consultoria qualificada

Especialistas divergem quanto à abertura de empresas em finanças

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento de investidores que são pessoa física, causado pela queda da taxa de juros, aliado à fusão de bancos, que jogou no mercado profissionais da área de investimentos, tornam o cenário propício para a abertura de consultorias financeiras e gestoras de fundos.
Felipe Prata, 33, responsável pela área comercial da Nest Investimentos, é um dos que aproveitaram essa conjuntura.
Em 2005, ele e três sócios montaram a empresa para criar dois fundos multimercados.
O principal obstáculo, aponta, foi não ter uma instituição por trás que desse credibilidade e segurança aos investidores.
"Éramos independentes e só tínhamos a credibilidade dos sócios. Em um ano e meio havia R$ 10 milhões em fundos, mas, quando conseguimos atingir R$ 50 milhões, bancos e outras instituições financeiras passaram a investir."
O negócio deu certo. Hoje, a empresa administra R$ 330 milhões e tem 423 clientes.

Vôo quase solo
Patrícia Cottet, 35, seguiu um caminho parecido com o de Prata. Largou a gerência de um banco, mas ainda ensaia a abertura do negócio próprio. Antes disso, achou melhor ingressar em uma consultoria financeira.
"Pensei em montar a minha empresa, mas sinto que sou nova para isso. Apesar de atuar há dez anos no mercado, ainda tenho muito o que aprender", diz.
Na consultoria, Cottet afirma sentir mais liberdade do que no banco para atuar e desenvolver seu espírito empreendedor.
"O banco de varejo é bom para a área de crédito, mas a consultoria financeira é deixada um pouco de lado. Não há tempo hábil para analisar o que é melhor para cada cliente, de acordo com seu perfil", conta.
Para o professor William Eid, coordenador do Centro de Estudos de Finanças da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), Cottet está certa: "Para abrir uma consultoria própria, a pessoa deve ter muita experiência, dedicar muito tempo e estudo".
Eid, que é também consultor, diz que, ao contrário do que o cenário aponta, entrar nesse mercado não é tão simples.
"É muito difícil encontrar clientes. Optar por ter pequenas empresas como consumidoras do serviço é complicado, uma vez que ou elas não têm dinheiro para pagar ou têm problemas que demandam muito tempo para resolver", explica.
Eid é pessimista em relação às gestoras de investimento. "No Rio de Janeiro, houve uma pessoa que fechou a gestora na hora em que uma empresa lhe fez proposta de emprego", diz.
Já o consultor Gustavo Cerbasi tem opinião contrária. Para ele o momento é ideal, desde que a empresa seja estruturada e faça um plano de negócios.
"Consultoria financeira é um termo amplo: pode ser desde orientações individuais e "family offices" [administração de negócios familiares] até um pequeno agente autônomo [que deve ser registrado na CVM]."


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