São Paulo, domingo, 03 de dezembro de 2006


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DE BRAÇOS ABERTOS

Crise na aviação e concentração de rotas são maiores gargalos

Para operadores estrangeiros e nacionais, potencial do país lá fora está além dos resultados apresentados

DA ENVIADA ESPECIAL

Os resultados são bons, mas poderiam ser melhores. Essa é a premissa destacada por empresários ligados ao turismo internacional -sejam eles brasileiros, sejam estrangeiros.
O que torna difícil que o Brasil cresça como destino para estrangeiros está ligado, sobretudo, a problemas estruturais.
"O potencial turístico é bem maior do que os resultados. Mas a oferta de vôos é um dos grandes gargalos que impedem o aumento do fluxo de viajantes", exemplifica Israel Waligora, sócio-diretor da Ambiental Expedições, que realiza 10% das vendas no exterior.
A firma, focada em destinos de ecoturismo, está aumentando sua cartela de pacotes. Para tanto, aposta em atividades como observação de pássaros e borboletas e cicloturismo.
Apesar do grande potencial, são roteiros ainda pouco procurados no país e que dependem de guias especializados. "Temos 1.870 espécies de pássaros no Brasil, mas não éramos apresentados [lá fora] como destino", comenta. "Recebemos ingleses que querem visitar o rio Negro. São turistas que conhecem bem o país e sabem o que querem."
Na Freeway Adventures, turistas estrangeiros já representam 20% do negócio. "Os receptivos locais estão indo para fora do país para divulgar os roteiros brasileiros. Agora existe até uma certa competição para se promover internacionalmente. O Brasil é um dos maiores celeiros [para o ecoturismo]", sinaliza o diretor da empresa Edgar Werblowsky.

Vizinhos
O operador Arturo Oliveira, da uruguaia Abtour, que concentra destinos no sul do país, é outro que aponta a carência de vôos como um dos principais problemas para o desenvolvimento das rotas do Nordeste.
"Cerca de 60% da comercialização é para destinos brasileiros", destaca Oliveira. Sua operadora envia dois ônibus por semana para Torres, litoral do Rio Grande do Sul, e vende roteiros de 12 dias para o Rio de Janeiro a cada quinzena. É em feiras do setor que a empresa escolhe seus receptivos.
Já Guillermo Biscotti, proprietário da operadora chilena Casapueblo, afirma preferir fechar parcerias pessoalmente. "Quando o turista é recepcionado no destino, é meu nome que está em jogo", salienta.
A operadora, criada há três anos por Biscotti, teve, logo no início, um grande salto ao vender o Brasil como destino -hoje o país representa 40% das vendas. "Crescemos cerca de 200% devido à qualidade do serviço oferecido", afirma.

Concentração
"O fluxo internacional é para os "highlights" [destaques], mas essa dificuldade em diversificar destinos existe em todos os países", ressalta Werblowsky, ao apontar outro gargalo do setor.
Os operadores estrangeiros confirmam. Para eles, a entrada de um destino no cesto de produtos oferecidos aos clientes não se dá da noite para o dia.
"Temos dez destinos e todos são praia", exemplifica Guillermo Biscotti. E lamenta: "Com a crise da Varig, devemos ter queda de cerca de 20% no turismo externo".
Para Jurema Alves, da Embratur, o operador brasileiro precisa estar convencido de que o destino é viável para o estrangeiro. "Senão não vende."


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