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DE BRAÇOS ABERTOS
Crise na aviação e concentração de rotas são maiores gargalos
Para operadores estrangeiros e nacionais, potencial do país lá fora está além dos resultados apresentados
DA ENVIADA ESPECIAL
Os resultados são bons, mas
poderiam ser melhores. Essa é
a premissa destacada por empresários ligados ao turismo internacional -sejam eles brasileiros, sejam estrangeiros.
O que torna difícil que o Brasil cresça como destino para estrangeiros está ligado, sobretudo, a problemas estruturais.
"O potencial turístico é bem
maior do que os resultados.
Mas a oferta de vôos é um dos
grandes gargalos que impedem
o aumento do fluxo de viajantes", exemplifica Israel Waligora, sócio-diretor da Ambiental
Expedições, que realiza 10%
das vendas no exterior.
A firma, focada em destinos
de ecoturismo, está aumentando sua cartela de pacotes. Para
tanto, aposta em atividades como observação de pássaros e
borboletas e cicloturismo.
Apesar do grande potencial,
são roteiros ainda pouco procurados no país e que dependem de guias especializados.
"Temos 1.870 espécies de pássaros no Brasil, mas não éramos apresentados [lá fora] como destino", comenta. "Recebemos ingleses que querem visitar o rio Negro. São turistas
que conhecem bem o país e sabem o que querem."
Na Freeway Adventures, turistas estrangeiros já representam 20% do negócio. "Os receptivos locais estão indo para
fora do país para divulgar os roteiros brasileiros. Agora existe
até uma certa competição para
se promover internacionalmente. O Brasil é um dos maiores celeiros [para o ecoturismo]", sinaliza o diretor da empresa Edgar Werblowsky.
Vizinhos
O operador Arturo Oliveira,
da uruguaia Abtour, que concentra destinos no sul do país, é
outro que aponta a carência de
vôos como um dos principais
problemas para o desenvolvimento das rotas do Nordeste.
"Cerca de 60% da comercialização é para destinos brasileiros", destaca Oliveira. Sua operadora envia dois ônibus por
semana para Torres, litoral do
Rio Grande do Sul, e vende roteiros de 12 dias para o Rio de
Janeiro a cada quinzena. É em
feiras do setor que a empresa
escolhe seus receptivos.
Já Guillermo Biscotti, proprietário da operadora chilena
Casapueblo, afirma preferir fechar parcerias pessoalmente.
"Quando o turista é recepcionado no destino, é meu nome
que está em jogo", salienta.
A operadora, criada há três
anos por Biscotti, teve, logo no
início, um grande salto ao vender o Brasil como destino -hoje o país representa 40% das
vendas. "Crescemos cerca de
200% devido à qualidade do
serviço oferecido", afirma.
Concentração
"O fluxo internacional é para
os "highlights" [destaques], mas
essa dificuldade em diversificar
destinos existe em todos os países", ressalta Werblowsky, ao
apontar outro gargalo do setor.
Os operadores estrangeiros
confirmam. Para eles, a entrada
de um destino no cesto de produtos oferecidos aos clientes
não se dá da noite para o dia.
"Temos dez destinos e todos
são praia", exemplifica Guillermo Biscotti. E lamenta: "Com a
crise da Varig, devemos ter
queda de cerca de 20% no turismo externo".
Para Jurema Alves, da Embratur, o operador brasileiro
precisa estar convencido de
que o destino é viável para o estrangeiro. "Senão não vende."
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