São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006


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ALTA TECNOLOGIA

Especialistas apontam lacuna entre empresa e pesquisa acadêmica

Falta de interatividade dificulta obtenção de avanços em nanotecnologia no país; incubadoras são exceção

DA REPORTAGEM LOCAL

A distância entre a academia e a iniciativa privada está longe da escala nanométrica, dizem os especialistas ouvidos pela Folha. Apesar dos esforços de governo, entidades e organizações, parte das pesquisas permanece nas universidades -e não chega à linha de produção.
"Nos mundos acadêmico e empresarial, há uma dificuldade enorme de conversar", assinala o diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), José Ricardo Roriz Coelho.
"Enquanto se discute [sobre nanotecnologia] aqui, lá fora já é realidade", diz Ronaldo Marchese, diretor da RJR Eventos.
É dele a iniciativa de realizar uma feira sobre o tema, a Nanotec. "Um dos principais objetivos é diminuir a distância entre pesquisadores e empresários."
A primeira edição do evento, em 2005, reuniu 3.500 pessoas. Para este ano, foi estimada a participação de 5.000 inscritos.
"Vamos apresentar produtos finais [elaborados no exterior] para mostrar a variedade de itens que existe no mercado."
A Steviafarma é uma das empresas nacionais com investimentos em nanotecnologia. Para isso, fez parceria com universidades a fim de desenvolver um medicamento com nanopartículas para reposição hormonal e outro para tratamento de câncer de próstata.
"Esse trabalho envolve a participação de vários grupos de pesquisa que contribuirão de forma decisiva nas diferentes etapas", explica a diretora de pesquisa e desenvolvimento, Helena Meneguetti Hizo, 45. Além da Universidade Estadual de Maringá, a companhia conta com a colaboração da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
"Esse processo tecnológico industrial será empregado no desenvolvimento de fármacos usando nanopartículas para produzir fórmulas farmacêuticas mais eficientes", diz Hizo.
Segundo ela, o envolvimento com pesquisa em nanotecnologia foi estratégica. "Foi uma oportunidade de mercado identificada pela empresa."

Na frente
A proximidade com universidades faz com que incubadoras tecnológicas tenham facilidade no acesso à nanotecnologia.
No Cietec, por exemplo, há ao menos três empresas que se dedicam a formular produtos e serviços com essa tecnologia.
Uma delas é a Electrocell. Fundada em 2000, a empresa desenvolveu células de combustível que podem ser utilizadas em marca-passos e laptops.
O diretor Volkmar Ett diz que a Electrocell tem buscado estreitar relacionamento com potenciais clientes. "Tivemos um bom contato para transferir tecnologia para outra firma. Vamos também participar de uma feira do setor a fim de captar clientes", conta.
Mesmo sem ter o produto pronto -um princípio ativo de um medicamento com liberação controlada-, a STQ já despertou o interesse de "um grande laboratório farmacêutico".
"Falta cerca de um ano para finalizar [o projeto]", destaca a sócia da firma Mariangela de Burgos Martins Azevedo, 48. E acrescenta: "O plano de negócio previa que o empreendimento seria de alto risco".


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