São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011


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Lição do primeiro fracasso alimenta futuro sucesso

Falência deve ser considerada parte de processo de empreendedorismo

Luiza Sigulem/Folhapress
Aimar de Paula está no sexto empreendimento

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

Fechar as portas traz mais do que experiências e sentimentos negativos. Muitas vezes, os erros da primeira empresa serão os propulsores do sucesso da segunda -ou das demais-, avaliam especialistas em empreendedorismo.
"É raro acertar o modelo [de início], sem nenhuma história de fracasso durante o processo", ressalta Juliano Seabra, diretor de educação e pesquisa do Instituto Endeavor Brasil, ONG que promove o empreendedorismo.
Eduardo Ourivio, 44, abriu o primeiro restaurante no começo da década de 1990. No início, diz ele, foi muito bem.
Com sócios, montou mais nove pontos -dois com o mesmo nome e outros sete. "Para abrir novas unidades, tomávamos dinheiro emprestado e ficamos com uma dívida que custava, em média, 5,5% [em juros] ao mês."
No fim da década, ele sentiu o mercado piorar e as vendas diminuírem. "Quebramos, foi horrível", recorda.
Para Ourivio, o Spoleto, rede de alimentação do qual é sócio, é consequência de erros e acertos anteriores.
"O fato de termos tido várias operações ajudou, pois aproveitamos o melhor de cada uma delas", analisa.

ESGOTAMENTO
"É evidente que ninguém quer fracassar, mas quem experimenta ganha com isso", diz Luiz Barreto, presidente do Sebrae Nacional (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
A morte de negócios é normal, afirma. Há "rotatividade natural, esgotamento e aumento de concorrência -o mercado tem regulações naturais", considera Barreto.
Mas, independentemente dos motivos, os empresários que fracassam são penalizados socialmente, afirma ele. "A família vira o rosto: 'ih, esse cara não deu certo'."
Isso não acontece em países com cultura empreendedora mais forte, como os Estados Unidos, segundo ele. Aimar de Paula, 41, está no sexto negócio e parece não se importar com a avaliação feita sobre suas experiências.
Aos 18, teve escola de música. Depois, abriu quatro restaurantes. Alguns fecharam por desentendimento de sócios e outros, por mau planejamento ou má localização.
"Achava que era só ter talento, bom produto e vontade de trabalhar. [Mas] é preciso dominar fluxo de caixa e outras variáveis", avalia.
Há um ano, ele abriu empresa de "personal chef", que tem um funcionário e atende a clientes que queiram refeições personalizadas.


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