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TRANSIÇÃO
5% das empresas planejam sucessão
Proprietários adiam decisão para evitar problemas na família, como disputa entre herdeiros
BRUNA BORGES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Proprietários de empresas
familiares não planejam a
sucessão de seu negócio. De
cada 100 empresas, 5 têm
um plano sucessório, segundo
levantamento feito com companhias de todos os portes,
em 2009, pelo Núcleo de Estudos de Empresas Familiares
da ESPM (Escola Superior de
Propaganda e Marketing).
Pelo estudo, 78% da diretoria
dessas empresas é formada
apenas de membros da família.
Do total, 38% organizam a sucessão apenas após a morte do
fundador.
A ausência de planejamento,
explica Eduardo Najjar, responsável pelo levantamento,
deve-se à crença de que nada de
grave acontecerá ao proprietário. Boa parte dos donos também adia a programação para
evitar enfrentar problemas na
família, como disputa entre os
herdeiros ou falta de aptidão
dos filhos para gerenciar o negócio.
Najjar aponta outra razão.
"Muitas vezes o fundador passou por dificuldades para construir a empresa e não quer que
seus filhos sofram", esclarece.
Conflitos de interesses dos
acionistas, decisões embasadas
em motivos emocionais com
pouco conhecimento em gestão e briga pelo poder entre os
herdeiros são os principais entraves ao planejamento sucessório formal, segundo o consultor Mário Ambrósio, da auditoria Crowe Horwath RCS, especializada em procedimentos
contábeis, fiscais e trabalhistas.
Entraves
Estimativas internacionais
da FBN (Family Business Network), organização que reúne
empresas familiares de 45 países, indicam que falhas na sucessão correspondem a 60%
dos casos de insucesso na manutenção do negócio.
"Sem um plano, elas começam a ter problemas na segunda geração e chegam à terceira
sem condições de continuar.
Morrem ou são vendidas", assinala Marcos Siqueira, gerente-executivo da FBN no Brasil.
De outra área
Mas nem todo processo de
sucessão é formalizado.
Quando o fundador da Miropel, papelaria e importadora de
velas pirotécnicas, Mayer Harari, 88, ficou doente, há três
anos, a filha Karina, 42, assumiu o controle do departamento de vendas e marketing,
abrindo mão da carreira em assessoria de imprensa, na qual
atuou por 14 anos.
Por vezes, os herdeiros abandonam suas profissões -frequentemente em área distinta
da exercida na empresa. Enfermeira por dez anos, Dirlene Vicente, 45, largou o trabalho para assumir uma das lojas da família. "Não me arrependo", diz.
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