São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010


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TRANSIÇÃO

5% das empresas planejam sucessão

Proprietários adiam decisão para evitar problemas na família, como disputa entre herdeiros

BRUNA BORGES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Proprietários de empresas familiares não planejam a sucessão de seu negócio. De cada 100 empresas, 5 têm um plano sucessório, segundo levantamento feito com companhias de todos os portes, em 2009, pelo Núcleo de Estudos de Empresas Familiares da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
Pelo estudo, 78% da diretoria dessas empresas é formada apenas de membros da família. Do total, 38% organizam a sucessão apenas após a morte do fundador.
A ausência de planejamento, explica Eduardo Najjar, responsável pelo levantamento, deve-se à crença de que nada de grave acontecerá ao proprietário. Boa parte dos donos também adia a programação para evitar enfrentar problemas na família, como disputa entre os herdeiros ou falta de aptidão dos filhos para gerenciar o negócio.
Najjar aponta outra razão. "Muitas vezes o fundador passou por dificuldades para construir a empresa e não quer que seus filhos sofram", esclarece.
Conflitos de interesses dos acionistas, decisões embasadas em motivos emocionais com pouco conhecimento em gestão e briga pelo poder entre os herdeiros são os principais entraves ao planejamento sucessório formal, segundo o consultor Mário Ambrósio, da auditoria Crowe Horwath RCS, especializada em procedimentos contábeis, fiscais e trabalhistas.

Entraves
Estimativas internacionais da FBN (Family Business Network), organização que reúne empresas familiares de 45 países, indicam que falhas na sucessão correspondem a 60% dos casos de insucesso na manutenção do negócio.
"Sem um plano, elas começam a ter problemas na segunda geração e chegam à terceira sem condições de continuar. Morrem ou são vendidas", assinala Marcos Siqueira, gerente-executivo da FBN no Brasil.

De outra área
Mas nem todo processo de sucessão é formalizado.
Quando o fundador da Miropel, papelaria e importadora de velas pirotécnicas, Mayer Harari, 88, ficou doente, há três anos, a filha Karina, 42, assumiu o controle do departamento de vendas e marketing, abrindo mão da carreira em assessoria de imprensa, na qual atuou por 14 anos.
Por vezes, os herdeiros abandonam suas profissões -frequentemente em área distinta da exercida na empresa. Enfermeira por dez anos, Dirlene Vicente, 45, largou o trabalho para assumir uma das lojas da família. "Não me arrependo", diz.


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