São Paulo, domingo, 11 de maio de 2008


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importação

Efeitos da greve de auditores fiscais devem se estender

Paralisação, prevista para terminar amanhã, causou a falta de itens

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entre os meses de março e abril, o cliente que passou por uma das lojas ou quiosques da rede de cafeterias Havanna, em São Paulo, deparou-se com um cartaz improvisado contendo pedido de desculpas pelo desabastecimento de seus alfajores, principal produto da marca.
Importado da Argentina, o carro-chefe do faturamento da empresa, segundo apurou a Folha, teve o fornecimento interrompido devido à paralisação dos auditores da Receita Federal que começou há 54 dias e deverá ser suspensa amanhã.
Já na papelaria Gift&Cards, do shopping Villa-Lobos, os itens importados -como adesivos e artigos de pelúcia- só não chegaram a sofrer oscilação nas prateleiras graças ao estoque.
"Felizmente tínhamos quantidade para cobrir esse período. Mas a importadora que nos fornece estava com falta de alguns produtos, que ficaram retidos na alfândega", relata a encarregada da loja, Fabiana Santini.
A greve da Receita Federal repercutiu em diversas camadas da atividade econômica e seus reais efeitos só poderão ser dimensionados com mais exatidão daqui a algum tempo.
Essa é a avaliação do gerente de consultoria do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Antonio Carlos de Matos.
Segundo ele, as empresas mais afetadas em um primeiro momento são as que trabalham diretamente com produto final ou componente importado. Para elas, a primeira conseqüência da paralisação na alfândega é a falta de reposição.
"Mas, conforme os dias passam, aumentam os elos da cadeia a se ressentirem do impacto da greve, até que se prejudique todo o esforço produtivo."

Impacto em série
Uma greve dessa proporção, acrescenta Matos, provoca um fato macroeconômico, como um impacto inflacionário, uma vez que as importações têm um aspecto regulador de preço.
Isso se dá porque a empresa que não recebe o produto importado fica impedida de vender ou de cumprir os prazos. Sem capital de giro, ocorre a quebra do fluxo de caixa, e a empresa se vê obrigada a recorrer a empréstimos bancários, que encarecem a operação.
Para amenizar os impactos da greve, a saída é substituir os importados que ainda estiverem em falta por similares nacionais, avalia o professor de finanças da BBS (Brazilian Business School) Ivan Pricoli.
"O objetivo é garantir o abastecimento quando não se tem capital para ter estoques", diz.


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