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importação
Efeitos da greve de auditores fiscais devem se estender
Paralisação, prevista para terminar amanhã, causou a falta de itens
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Entre os meses de março e
abril, o cliente que passou por
uma das lojas ou quiosques da
rede de cafeterias Havanna, em
São Paulo, deparou-se com um
cartaz improvisado contendo
pedido de desculpas pelo desabastecimento de seus alfajores,
principal produto da marca.
Importado da Argentina, o
carro-chefe do faturamento da
empresa, segundo apurou a Folha, teve o fornecimento interrompido devido à paralisação
dos auditores da Receita Federal que começou há 54 dias e
deverá ser suspensa amanhã.
Já na papelaria Gift&Cards,
do shopping Villa-Lobos, os
itens importados -como adesivos e artigos de pelúcia- só não
chegaram a sofrer oscilação nas
prateleiras graças ao estoque.
"Felizmente tínhamos quantidade para cobrir esse período.
Mas a importadora que nos fornece estava com falta de alguns
produtos, que ficaram retidos
na alfândega", relata a encarregada da loja, Fabiana Santini.
A greve da Receita Federal
repercutiu em diversas camadas da atividade econômica e
seus reais efeitos só poderão
ser dimensionados com mais
exatidão daqui a algum tempo.
Essa é a avaliação do gerente
de consultoria do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas),
Antonio Carlos de Matos.
Segundo ele, as empresas
mais afetadas em um primeiro
momento são as que trabalham
diretamente com produto final
ou componente importado.
Para elas, a primeira conseqüência da paralisação na alfândega é a falta de reposição.
"Mas, conforme os dias passam, aumentam os elos da cadeia a se ressentirem do impacto da greve, até que se prejudique todo o esforço produtivo."
Impacto em série
Uma greve dessa proporção,
acrescenta Matos, provoca um
fato macroeconômico, como
um impacto inflacionário, uma
vez que as importações têm um
aspecto regulador de preço.
Isso se dá porque a empresa
que não recebe o produto importado fica impedida de vender ou de cumprir os prazos.
Sem capital de giro, ocorre a
quebra do fluxo de caixa, e a
empresa se vê obrigada a recorrer a empréstimos bancários,
que encarecem a operação.
Para amenizar os impactos
da greve, a saída é substituir
os importados que ainda estiverem em falta por similares
nacionais, avalia o professor de
finanças da BBS (Brazilian Business School) Ivan Pricoli.
"O objetivo é garantir o abastecimento quando não se tem
capital para ter estoques", diz.
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