|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FACHADA NOVA
Fotografia destaca a fachada sem burlar lei
Para urbanista, comerciante só deve evitar imagens de produtos
Renato Stockler/Folha Imagem
|
|
Na Droga Raia, imagens de unidades antigas reforçaram a identificação com os clientes idosos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na pressa por se adequar à
nova lei, muitos optaram pela
solução mais simples, como
trocar uma imensa placa por
outra menor, às vezes revelando a fiação e a pintura descascada que estavam atrás dela.
"Muitos pintaram as fachadas com cores berrantes, mas
não é chamando a atenção desse jeito que eles vão vender
mais", opina Nabil Bonduki,
professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
"A qualidade da arquitetura é
um atrativo mais eficiente."
Mas, se o prédio não tiver características arquitetônicas
que possam ser valorizadas, o
comerciante tem de procurar
outras maneiras de captar o
olhar dos clientes, como decorar a fachada usando desenhos,
fotos e mosaicos.
A responsável pelo acompanhamento da lei e diretora de
Meio Ambiente e Paisagem Urbana da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), Regina Monteiro, aponta alguns caminhos para a adequação à lei.
Um deles, diz, é "fazer da vitrine uma vitrine". "Se você fizer a loja transparente para a
rua, com uso de vidros e poucos
elementos à vista, pode usar o
espaço interno para atrair os
clientes", exemplifica.
O uso de fotografias é outra
possibilidade de chamar atenção sem cair na irregularidade.
Só que o comerciante deve tomar cuidado para não acabar
transformando a entrada de
sua loja em um outdoor.
A foto não deve fazer referência direta aos produtos vendidos, de acordo com Regina
Monteiro. "Deve ser um toque
cultural", esclarece. "Não é a
simples promoção do que tem
dentro da loja", completa.
Um bom exemplo do uso das
fotografias é o da Droga Raia,
que, desde 2000, utiliza em
suas fachadas imagens antigas
de farmácias da rede.
Segundo a diretora de marketing da drogaria, Cristiana
Pipponzi, o retorno dos clientes é sempre positivo. "Pessoas
mais velhas costumam dizer
que iam às lojas das fotografias", comenta.
"É um investimento que se
reverte em benefício do negócio. Existe uma relação direta
entre uma arquitetura bem cuidada e bons negócios", avalia o
presidente da IAB (Instituto
dos Arquitetos do Brasil) de
São Paulo, Arnaldo Martino.
Cidade Limpa
A cidade também lucra com o
capricho na manutenção da fachada. "Quando você não tem
mais as placas grandes, passa a
se localizar por ícones da cidade, como praças e mansões",
diz Takashi Fukushima, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
Para ele, o novo tamanho estabelecido pela lei é mais do
que suficiente. "Você não precisa reconhecer uma loja do helicóptero. Tem que ter a percepção de quem anda a pé."
(JN)
Texto Anterior: O que mudar Próximo Texto: Loja exibe grafite sobre data festiva Índice
|