São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007


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FACHADA NOVA

Fotografia destaca a fachada sem burlar lei

Para urbanista, comerciante só deve evitar imagens de produtos

Renato Stockler/Folha Imagem
Na Droga Raia, imagens de unidades antigas reforçaram a identificação com os clientes idosos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na pressa por se adequar à nova lei, muitos optaram pela solução mais simples, como trocar uma imensa placa por outra menor, às vezes revelando a fiação e a pintura descascada que estavam atrás dela.
"Muitos pintaram as fachadas com cores berrantes, mas não é chamando a atenção desse jeito que eles vão vender mais", opina Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. "A qualidade da arquitetura é um atrativo mais eficiente."
Mas, se o prédio não tiver características arquitetônicas que possam ser valorizadas, o comerciante tem de procurar outras maneiras de captar o olhar dos clientes, como decorar a fachada usando desenhos, fotos e mosaicos.
A responsável pelo acompanhamento da lei e diretora de Meio Ambiente e Paisagem Urbana da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), Regina Monteiro, aponta alguns caminhos para a adequação à lei.
Um deles, diz, é "fazer da vitrine uma vitrine". "Se você fizer a loja transparente para a rua, com uso de vidros e poucos elementos à vista, pode usar o espaço interno para atrair os clientes", exemplifica.
O uso de fotografias é outra possibilidade de chamar atenção sem cair na irregularidade. Só que o comerciante deve tomar cuidado para não acabar transformando a entrada de sua loja em um outdoor.
A foto não deve fazer referência direta aos produtos vendidos, de acordo com Regina Monteiro. "Deve ser um toque cultural", esclarece. "Não é a simples promoção do que tem dentro da loja", completa.
Um bom exemplo do uso das fotografias é o da Droga Raia, que, desde 2000, utiliza em suas fachadas imagens antigas de farmácias da rede.
Segundo a diretora de marketing da drogaria, Cristiana Pipponzi, o retorno dos clientes é sempre positivo. "Pessoas mais velhas costumam dizer que iam às lojas das fotografias", comenta.
"É um investimento que se reverte em benefício do negócio. Existe uma relação direta entre uma arquitetura bem cuidada e bons negócios", avalia o presidente da IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) de São Paulo, Arnaldo Martino.

Cidade Limpa
A cidade também lucra com o capricho na manutenção da fachada. "Quando você não tem mais as placas grandes, passa a se localizar por ícones da cidade, como praças e mansões", diz Takashi Fukushima, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
Para ele, o novo tamanho estabelecido pela lei é mais do que suficiente. "Você não precisa reconhecer uma loja do helicóptero. Tem que ter a percepção de quem anda a pé." (JN)


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