São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2004


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PESO DO FRANQUEADO

Satisfação de unidades é determinante para que a marca seja reconhecida

Investidor detém poder de premiar

BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ouvir a opinião do franqueado é a mais nova obsessão do sistema de franchising brasileiro. Parece descoberta da pólvora, já que ele é o primeiro e o principal cliente de toda rede de franquias. Mas não, nem sempre foi assim. A grande maioria das franqueadoras só está percebendo essa necessidade agora -e à força.
De um lado, a modificação e o endurecimento nos regulamentos dos prêmios e do selo que reconhecem a qualidade das redes. De outro, o anteprojeto da nova Lei do Franchising, apresentado pelo governo federal há três semanas, que pretende obrigar as empresas a se preocuparem mais com o que pensam os seus atuais e ex-franqueados.
No centro da questão, o cotidiano das franquias, que mostra que, para modernizar, é fundamental apostar na co-responsabilidade e dar ouvidos ao que diz cada pequeno investidor. É a chamada "franquia de quarta geração".
Campeã no quesito satisfação dos franqueados em estudo promovido pela Vecchi & Ancona Consulting e vencedora na categoria "Alimentação" no prêmio As Melhores Franquias do Brasil, da revista "PEGN", a Vivenda do Camarão exemplifica a tendência.
O diretor de franquias, Diego Perri, 26, afirma que a empresa sempre se preocupou em atender bem os franqueados, mas diz ter percebido que foi exatamente isso o que trouxe o prêmio e a certificação do Selo de Excelência em Franchising, da ABF (Associação Brasileira de Franchising). "O franqueado é o grande motivo de termos ganhado prêmios. Sem ele a rede não tem razão de ser."
Os prêmios estão listados em todos os cardápios das unidades da marca. "São garantias extras, diferenciais com relação aos concorrentes", afirma o empreendedor.

Algo mais
Apesar do alto peso nas avaliações, a satisfação dos franqueados não basta para conquistar nenhum troféu. Os prêmios avaliam, por exemplo, o tempo de experiência do franqueador em seu negócio, a rentabilidade da rede, o número de unidades, os sistemas de treinamento, o tempo de retorno dos investimentos, a composição das taxas e as obrigações contratuais, entre outros aspectos.
A intenção dos julgadores é exatamente impedir que redes recém-criadas saiam favorecidas, pois, em geral, têm maioria de franqueados ainda animados com o negócio, esperando que o retorno do investimento obedeça ao prazo prometido.
O Centro Cultural Americano (idiomas), que possui o selo da ABF, apesar de ter recebido dos investidores a maior nota de seu segmento no estudo da Vecchi & Ancona (veja quadro nesta página), não conseguiu conquistar nenhum prêmio do setor no ano passado.
A explicação, diz a rede, foi a análise de pontos como número de unidades e faturamento. Em educação e treinamento, nicho formado por gigantes como Yázigi Internexus, Escolas Fisk, Wizard, Microlins e Instituto Kumon de Educação, a competição fica especialmente acirrada. A Fisk, por exemplo, foi eleita a franquia do ano no Prêmio Destaque Franchising (ABF), em que concorrem todos os segmentos.
No último selo da ABF, em que não há concorrência -basta a rede ter boa nota para obter a chancela-, apenas 53 marcas tiveram o interesse e a coragem de ser testadas. Dessas 41 receberam a certificação. Segundo a entidade, o país tem cerca de 680 franquias.

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