São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2006


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VITRINA DE PONTA

Encalhe de produtos impulsiona novos modelos de varejo

São Paulo acompanha pipocar de outlets de grifes; Shopping Light inaugura espaço para "outlet center"

Flavio Florido/Folha Imagem
Stella Maris Garçon, proprietária do brechó Spazio Outlet


ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Todo varejista sabe que a palavra "promoção" tem poderes quase que sobrenaturais sobre a clientela. Então, uma loja que venda permanente e exclusivamente produtos com preço reduzido é, por lógica, o segredo do sucesso. Certo?
Nem tanto. O "outlet center", modelo de varejo importado dos Estados Unidos há cerca de dez anos, não vingou no país. Dos empreendimentos que abriram as portas com a intenção de hospedar grandes grifes com preços reduzidos, nenhum opera mais com o sistema.
"Esse conceito não deu certo por aqui porque os clientes não aceitaram [comprar] coleção de marca por preço baixo", reforça Nabil Sahyoun, presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping).
Na contramão do cenário, o Shopping Light, na região central da cidade, inaugura, em dezembro, o Espaço Off. A intenção é transformar o terceiro e o quarto pavimentos do prédio em um "outlet center", com 25 operações que trabalhem com preços convidativos.
"As grandes redes perceberam esse nicho de mercado e estão montando lojas próprias para desovar seus estoques", explica Claudio Voso, gerente-geral do shopping Light, que já conta com outlets de marcas como Reebok. "Percebemos essa tendência de mercado."

Escoar produtos
O aumento no número de coleções e a redução do tempo de exposição do produto na vitrina -provocando o encalhe da mercadoria- têm levado grandes grifes a aumentar o giro de seus itens via outlet.
"Uma grande marca lança de 600 a 700 itens por coleção. O que fazer com o que não vendeu?", questiona Victor Almeida, coordenador do programa de aperfeiçoamento em varejo do Instituto Coppead de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
"Na inexistência de um local para aglomerar esses vendedores, as marcas decidiram criar seus outlets", diz Nelson Barrizzelli, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo).
E o resultado é o florescer de outlets por toda a cidade. Mas são as grandes indústrias, entre elas TNG e Rosa Chá, que estão popularizando o conceito.

Remanescente chique
Um exemplo dessa tendência é a iniciativa da empresária Ana Maria Aguiar, que, inspirada em modelos de outlet fora do Brasil, identificou aqui uma oportunidade de negócio.
Há quatro anos, ela abriu a MTrês, que vende coleções passadas de grandes indústrias nacionais. O segredo, diz ela, é trabalhar com cuidado para não descaracterizar a grife. "O remanescente também deve ter tratamento de marca."
Na MTrês, os descontos variam de 50% a 90% para as 40 marcas representadas. O negócio deu tão certo que, há três anos, Aguiar abriu a MDois, outlet de grifes internacionais como Versace e Giorgio Armani, e, agora, planeja o terceiro, focado em acessórios. "É um trabalho difícil porque não temos uma margem grande [de lucro], apesar da boa aceitação mercadológica", destaca.


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