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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003


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EM FASE DE CRESCIMENTO

Menos de 2% dos clientes preferem etiqueta famosa, diz pesquisa; segmento é o segundo maior no ramo de vestuário

Marca "anônima" faz a festa com infantis

Fernando Moraes/Folha Imagem
Confecção de Jorge Baleki(dir.), que produz 20 mil macacões/mês


BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Dos dois aos 12 anos, uma criança cresce em média 6 cm por ano, de acordo com os padrões utilizados pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Nasce com cerca de 3 kg, triplica seu peso nos primeiros 12 meses e depois passa a ganhar cerca de 2 kg por ano.
Alguém precisa fabricar macacões, camisetas, conjuntos de moletom, enfim, as peças para dar conta de todo esse crescimento. E esse alguém pode ser você.
O mercado de roupas infantis é uma boa opção para pequenos empresários dispostos a conhecer a fundo o ramo de confecção.
Cerca de 90% desse segmento é formado por micro e pequenas empresas, segundo a Abravest (Associação Brasileira do Vestuário). Com 23% da produção de roupas no país, o segmento infantil supera o de roupas masculinas, que tem 20%, de acordo com dados da associação. As roupas femininas representam 57%.
Pesquisa do Provar-USP (Programa de Administração em Varejo) com 396 pais de crianças na cidade de São Paulo mostra que 98,7% compram roupas para seus filhos uma vez por mês. Para fazer bons negócios, não é preciso ter uma etiqueta conhecida: a marca foi considerada importante por apenas 1,3% dos entrevistados.
"A grande vantagem é que não é preciso ter uma grife. Há mercado para o ano inteiro, afinal, as crianças crescem, e o giro de moda não é grande", diz Jorge Luiz da Rocha Pereira, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo).

Diversidade
Abdias Souza Caroba, 44, era representante de confecções infantis e percebeu que o mercado estava carente de jeans para crianças. Abriu sua própria empresa há nove anos, a Karobinha, que hoje produz cerca de 5.000 peças/mês. Ele diz que enfrenta dificuldades, mas que nunca lhe faltaram clientes. "Há a inadimplência, bons clientes pedem prazo para pagar. Mas o mercado é bom. Os pais deixam de comprar roupas para eles, mas não para os filhos."
Uma maneira de garantir mercado durante o ano todo é diversificar a produção. Roberto Yokomizo, 49, dono da confecção YKZ, praticamente interrompe a fabricação de roupas infantis em janeiro e fevereiro para fabricar uniformes escolares. "O maquinário é o mesmo, o que muda é só a distribuição, que exige um trabalho mais intenso", afirma.
A Tango, confecção criada em 1973 por Jacob Kalili, 62, fabrica roupas de festa para crianças e também tem produção sazonal. "Há dois meses tinha uma loja inteira de fantasias. Hoje, é quase tudo para festa junina", diz um dos donos, Sergio Kalili, 33.
A empresa optou por manter uma loja de atacado em uma região que reúne comércio de roupas infantis, no Brás (centro de São Paulo). "Vem gente de todo o país comprar aqui. Trabalho com um produto popular, com bom preço e com qualidade."
Ele conta que a empresa até tentou atuar com roupas para adultos. "Para cada camisa de adulto, vendia cinco infantis. Adulto aqui não tem mais vez", brinca.



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