São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004


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NEGÓCIO EM FOCO

Mercado já tem confecções e brindes

Empreendimento GLBT "sai do armário"

Luana Fischer - 17.jun.03/Folha Imagem
A microempresária Adriana Silva decidiu abrir uma loja de acessórios nas cores da bandeira GLBT


DA REPORTAGEM LOCAL

Eles saíram do armário. De olho em um consumidor diferenciado, exigente, decidido quanto ao que quer e ciente do que gosta, um número cada vez maior de empreendedores escolhe a clientela gay como público-alvo dos negócios.
Ainda novidade no Brasil, o direcionamento já existe nos Estados Unidos, onde o termo "pink money" (dinheiro cor-de-rosa) passou a ser empregado para fazer uma referência ao potencial de consumo nesse segmento.
Por aqui, deve ser só o começo. Na esteira das movimentações em prol do orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), muitas oportunidades rentáveis devem se delinear nos próximos anos. "É um nicho com um potencial fantástico, com posicionamentos claros de consumo e um público cada vez menos escondido", diz a consultora Ana Vecchi, da Vecchi & Ancona Consulting.

Renda
"O gay é um cliente que compra bem, tem dinheiro e concentra a renda em si mesmo, pois não tem despesas com família. E há poucas empresas focando nele", observa o estilista Vinícius Santo, 30.
Há três anos, ele e o sócio, Emílio Júnior, 32, lançaram a marca de roupas masculinas Santuemilliu, que, além de peças básicas e modelos noturnos, tem uma linha de roupas íntimas com 120 itens. "Há modelos mais eróticos que atraem essa clientela", diz Santo, que não se identifica com o rótulo de empresário do nicho GLBT. "Os homens estão mais ligados em moda de uma forma geral. Nossas peças são para deixá-los maravilhosos, gays ou não."
A dupla tem um showroom na rua Augusta, em São Paulo, e quer inaugurar lojas próprias. "Além disso, vamos distribuir mais as linhas básicas para outros lojistas e nos concentrar na venda das peças fashion exclusivas."

Fidelização
Já a empresária Adriana Silva, 31, literalmente empunha a bandeira. Foi inspirada no ícone da causa GLBT que ela abriu, há sete meses, a Acessórios Arco-Íris. "A clientela aumenta mês a mês."
No mix dela, mais de 40 produtos fazem alusões divertidas ao movimento. Sapinhas de brinquedo, aquisição preferida das lésbicas, são um exemplo. E não faltam brindes, que vão de bandeiras a isqueiros, passando por camisetas, canetas e chaveiros. "O período mais aquecido é o da Parada Gay [que ocorre em julho]."
Estrela das noites há 13 anos, a "drag queen" Dimmy Kieer percebeu uma oportunidade de negócios durante seus shows. "Cada vez que descia do palco, queriam comprar tudo do meu figurino. Decidi criar e vender", lembra.
A loja, batizada de Bazar Drag Dimmy Kieer, funciona há um ano e comercializa roupas da grife DKBR e CDs com trilhas sonoras para shows, entre outros produtos. "Também vendo para meninas clubber", explica Kieer.
A fidelização é fácil. "Quem compra uma vez volta todo mês." Para fortalecer a marca, a loja é patrocinadora de artistas da noite. A especialização já atraiu clientes em outros Estados: devem ser inauguradas neste ano filiais DKRB no Amazonas e no Paraná.

Onde encontrar: Acessórios Arco-Íris, 0/xx/11/9796-9673; Bazar Drag Dimmy Kieer, 0/xx/11/3362-0597; Santuemilliu, 0/xx/11/3151-2772


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