São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002


Próximo Texto | Índice

"LAN houses", espécie de fliperamas do século 21, são opção para investir em entretenimento

Casas de games em rede viram febre

RENATO ESSENFELDER
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O nome é complicado: "LAN house". Escrevendo por extenso, parece ainda mais assustador: "Local Area Network house" (redes locais de computadores). Superado o temor inicial, contudo, vê-se que o princípio desse novo negócio em crescimento no país é muito simples.
Basta ligar algumas dezenas de computadores em rede, disponibilizar vários jogos da moda e cobrar pelo aluguel das máquinas.
Essas são as "LAN houses", conceito importado da Coréia do Sul para o Brasil há quatro anos. São lojas que reúnem de 20 a 60 computadores, usualmente, nas quais os clientes pagam em média R$ 3 por hora para se divertirem no papel de policiais, terroristas, deuses, monstros e uma infinidade de outros personagens típicos dos jogos eletrônicos.

Fliperama
É como um "fliperama hi-tech", mas os empresários do setor não gostam da comparação. Isso porque a imagem dos fliperamas está muito deteriorada, geralmente associada a lugares escuros, nos quais se consomem cigarros ou bebidas. Nas "LAN houses", acontece o contrário.
O ambiente é clean: paredes brancas, chão sempre limpo, desodorizador de ar funcionando o tempo todo. Fumar ou consumir álcool é proibido. A idéia é integrar os jogadores, que formam equipes para disputar uns contra os outros em partidas que reúnem em média 20 pessoas. A cada etapa vencida, os usuários gritam e comemoram animadamente.

Capital inicial
O investimento no negócio de "LAN houses" gira em torno de R$ 200 mil para abrir uma loja padrão, com 30 computadores, cerca de dez títulos de jogos e uma área para lanches rápidos.
Uma unidade nessas condições fatura cerca de R$ 20 mil mensais (com despesas fixas girando em torno de R$ 14 mil). O retorno do investimento está previsto para um prazo de 18 a 32 meses.
Segundo estimativas dos empresários do setor -já que não há nenhuma entidade oficial reunindo proprietários de LANs-, há no Brasil de 400 a 500 casas do tipo. Na Coréia do Sul, são 26 mil.
Em vista disso, os investidores afirmam que o mercado nacional ainda deve crescer até abrigar pelo menos 2.000 lojas antes de se estabilizar. "Ainda é um investimento da China", diz o gerente de comunicação da rede Monkey, Leonardo De Biase.
"O negócio é bom, mas o período de maturação do mercado já começou", declara o gerente de marketing da Just4fun (rede de LANs que faz licenciamento da marca), Othon Barcellos.
Analistas dizem que é preciso cuidado nesses empreendimentos relacionados a uma febre de momento.

Futebol
Como a maioria dos frequentadores de LANs é de classe alta ou média, geralmente os jogadores têm computadores em casa. Mais do que isso, possuem os mesmos jogos que as lojas oferecem. Mesmo assim, não deixam de frequentar as LANs -pagando por hora de aluguel das máquinas.
A razão, para Barcellos, é simples. Ele compara a atividade dos seus clientes com uma partida de futebol. "É muito parecido. O importante não é ter a bola, mas encontrar os amigos."
Para incentivar o clima de companheirismo, a maioria das casas de São Paulo oferece opções para a realização de festas fechadas. Nessas ocasiões, o interessado pode dispor da loja por um período médio de quatro horas.



Just4fun: www.just4fun.com.br;
Monkey: www.monkey.com.br.



Próximo Texto: Público é jovem, de classe alta e do sexo masculino
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.