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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003


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Expandir nem sempre é a saída certa

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Mesmo com espírito empreendedor, entusiasmo e comprometimento, há casos em que o crescimento pode "matar" a empresa. "Há indicadores que mostram quando não se deve expandir, como a falta de estruturação ou de noção clara da absorção do mercado", afirma Marcelo Cherto, 48, do Instituto Franchising.
Outro ponto é preparar-se para delegar responsabilidades. "Não adianta ser ótimo lojista se, ao sair de férias, o faturamento cai."
O empresário Raul Souza Sulzbacher, 62, vivenciou uma tentativa de expansão frustrada ao tentar consolidar uma marca de jeans que ficou famosa no início da década de 80: a Jeneration.
"No início, a marca vendia bem, com acessórios dentro da Levi's. Depois montamos lojas próprias, mas não deu certo, o fornecedor tinha outras prioridades, e acabei fechando", conta Sulzbacher, que hoje comanda a Raul's, uma loja para gourmets no Shopping Iguatemi (zona oeste de São Paulo).
Para o consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Júlio César Durante, 40, o problema pode estar no equilíbrio entre oferta de produtos e qualidade.
"Já vi essas crises principalmente no ramo de refrigerantes. O empresário atende bem uma região, mas, quando aumenta a produção, perde a qualidade e acaba engolido pelas grandes marcas."

Equilíbrio econômico
Conseguir equilibrar as contas é um importante passo para não ter de fechar as portas. O cenário atual, no entanto, não tem colaborado: no ano passado, o faturamento das micro e das pequenas empresas teve queda de 13% em relação a 2001, mostra uma pesquisa do Sebrae em parceria com a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
Diante disso, as dicas dos economistas são terceirizar sempre que possível, saber remunerar os sócios, utilizar contratos de risco e fugir dos empréstimos bancários.
"Cresça mais devagar e com capital próprio. Empréstimos, só quando tiver certeza do retorno", recomenda Renato Cotta de Mel- lo, professor da Coppead-UFRJ.
Ainda para a boa saúde financeira, os sócios devem ser pagos em duas partes: o pró-labore (o salário que se pagaria para um gerente fazer o que o sócio faz) e a distribuição de lucros. "Para não descapitalizar a companhia", diz Claudemir Galvani, 54, vice-presidente da Ordem dos Economistas e diretor da consultoria Metha.
O contrato de risco, sugerido pelo economista, é aquele em que parte do pagamento é vinculada ao sucesso do projeto contratado.



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