São Paulo, domingo, 16 de maio de 2010


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BENS MÓVEIS

Pequenos e médios empresários vão às trocas

Permutas entre várias firmas possibilitam girar o estoque e receber itens de valor agregado sem desembolso

Rodrigo Capote/Folha Imagem
Rosnar Estédile, dono da Bomtempo, que trocou móveis planejados por vinhos servidos em seus eventos, avalia a permuta como "positiva"

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Premiar o funcionário do mês com uma viagem a um resort de luxo em Comandatuba (BA) ou emplacar uma campanha de publicidade sem desembolsar um único real são possibilidades que têm levado empresários de pequeno e médio portes a aderir às permutas.
Entre as vantagens do sistema de trocas apontadas por empreendedores e consultores destaca-se a possibilidade de girar o estoque, escoar os excedentes de produção e aproveitar as horas ociosas, substituindo esse tipo de custo por itens e serviços com valor agregado.
As transações são simples: ao se associar a uma intermediadora de permutas, o empresário pode oferecer o que desejar e solicitar o que for disponibilizado pelos demais associados.
Para cada troca, o ofertante recebe créditos equivalentes ao que o serviço custaria em reais. Com eles, "paga" o que demandar de outras empresas.
Esse tipo de transação, avalia Tales Andreassi, coordenador do Centro de Empreendedorismo da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), pode ser positivo aos negócios "desde que integrado à estratégia da empresa".
"Imagine uma firma de serviços que esteja começando a atuar e queira ter como clientes empresas num setor bem representado no mercado de permutas. Nesse caso, vale a pena se afiliar e oferecer alguns serviços por esse sistema, a fim de se tornar conhecida", pontua.
"O modelo ajuda a escoar estoques que os canais convencionais não absorvem mais, a preço de mercado, além de ocupar a capacidade ociosa da indústria e dos serviços, como na baixa temporada de hotéis", afirma Marcio Lerner, diretor-executivo do Prorede, que tem 300 associados e está focado em empresas de médio porte.
O diretor-técnico do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Carlos Alberto dos Santos, ressalta, porém, que aderir a uma economia não monetária é uma "estratégia defensiva que não deve ser o objetivo de nenhuma empresa". A meta, reforça, deve ser a "boa gestão financeira".
"Sem prejuízos de alternativas pontuais [como a permuta], a estratégia não pode ser se afastar da economia monetária, do dinheiro", pondera.

Em ascensão
Ainda pouco consolidada no Brasil, a permuta multilateral vem crescendo entre as organizações intermediadoras.
"O empresário está cada vez mais aberto a esse formato de negócios", aponta Nádia Nunes, diretora comercial da Permute, que conta com 600 empresas associadas e movimentou o equivalente a R$ 6 milhões em trocas em 2009.
Outra especializada no setor, a norte-americana Tradaq, informa que teve crescimento de 30% em 2009 e negociou R$ 32 milhões em permutas. No Prorede, o salto no volume de negócios foi de 25% nesse período, segundo Lerner.
Os principais segmentos participantes são os de gráfica, mídia, hotéis, restaurantes, prestadores de serviços e móveis.
(ANDRÉ LOBATO e NATALIE CATUOGNO CONSANI)


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