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BENS MÓVEIS
Pequenos e médios empresários vão às trocas
Permutas entre várias firmas possibilitam girar o estoque e receber itens de valor agregado sem desembolso
Rodrigo Capote/Folha Imagem
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Rosnar Estédile, dono da Bomtempo, que trocou móveis planejados por vinhos servidos em seus eventos, avalia a permuta como "positiva"
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Premiar o funcionário do
mês com uma viagem a um
resort de luxo em Comandatuba (BA) ou emplacar uma campanha de publicidade sem desembolsar um único real são
possibilidades que têm levado
empresários de pequeno e médio portes a aderir às permutas.
Entre as vantagens do sistema de trocas apontadas por
empreendedores e consultores
destaca-se a possibilidade de
girar o estoque, escoar os excedentes de produção e aproveitar as horas ociosas, substituindo esse tipo de custo por itens e
serviços com valor agregado.
As transações são simples: ao
se associar a uma intermediadora de permutas, o empresário pode oferecer o que desejar
e solicitar o que for disponibilizado pelos demais associados.
Para cada troca, o ofertante
recebe créditos equivalentes ao
que o serviço custaria em reais.
Com eles, "paga" o que demandar de outras empresas.
Esse tipo de transação, avalia
Tales Andreassi, coordenador
do Centro de Empreendedorismo da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas), pode ser positivo
aos negócios "desde que integrado à estratégia da empresa".
"Imagine uma firma de serviços que esteja começando a
atuar e queira ter como clientes
empresas num setor bem representado no mercado de permutas. Nesse caso, vale a pena
se afiliar e oferecer alguns serviços por esse sistema, a fim de
se tornar conhecida", pontua.
"O modelo ajuda a escoar estoques que os canais convencionais não absorvem mais, a
preço de mercado, além de ocupar a capacidade ociosa da indústria e dos serviços, como na
baixa temporada de hotéis",
afirma Marcio Lerner, diretor-executivo do Prorede, que tem
300 associados e está focado
em empresas de médio porte.
O diretor-técnico do Sebrae
(Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas),
Carlos Alberto dos Santos, ressalta, porém, que aderir a uma
economia não monetária é uma
"estratégia defensiva que não
deve ser o objetivo de nenhuma
empresa". A meta, reforça, deve
ser a "boa gestão financeira".
"Sem prejuízos de alternativas pontuais [como a permuta],
a estratégia não pode ser se
afastar da economia monetária, do dinheiro", pondera.
Em ascensão
Ainda pouco consolidada no
Brasil, a permuta multilateral
vem crescendo entre as organizações intermediadoras.
"O empresário está cada vez
mais aberto a esse formato de
negócios", aponta Nádia Nunes, diretora comercial da
Permute, que conta com 600
empresas associadas e movimentou o equivalente a R$ 6
milhões em trocas em 2009.
Outra especializada no setor,
a norte-americana Tradaq, informa que teve crescimento de
30% em 2009 e negociou
R$ 32 milhões em permutas.
No Prorede, o salto no volume
de negócios foi de 25% nesse
período, segundo Lerner.
Os principais segmentos participantes são os de gráfica, mídia, hotéis, restaurantes, prestadores de serviços e móveis.
(ANDRÉ LOBATO e NATALIE CATUOGNO CONSANI)
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