São Paulo, domingo, 16 de julho de 2006


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GIRO PÚBLICO

Dobra valor negociado pelas MPEs com governo

Volume comercializado passou de R$ 1,6 bi em 2002 para R$ 3 bi em 2005

Mastrangelo Reino/ Folha Imagem
Levi Guimarães, da Agência Mind, que faz pesquisa de mercado


MARIANA IWAKURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Apesar de ser comum pensar que vencer uma licitação é privilégio de grandes empresas, para as pequenas, figurar entre fornecedores do governo também pode ser um bom negócio.
Entre 2002 e 2005, micro e pequenas empresas (MPEs) dobraram seu montante no valor de vendas feitas ao governo federal. O volume pulou de R$ 1,6 bilhão para R$ 3 bilhões -14% do total de compras públicas, segundo o Ministério do Planejamento.
A aposta é que esse número cresça ainda mais. Um termo de cooperação técnica assinado no início deste mês entre governo e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) pretende aumentar em 15% o volume de contratações feitas por MPEs nos próximos dois anos.
De acordo com o programa, o Sebrae irá capacitar 250 técnicos regionais e treinará 10 mil empreendedores.
Já a Secretaria de Logística e Tecnologia do Ministério do Planejamento investirá na formação de 500 compradores públicos. "Eles serão treinados para desenhar um mapa dos fornecedores locais", afirma Bruno Quick, gerente de políticas públicas do Sebrae.
O foco é estimular a contratação por meio eletrônico. Nos seis primeiros meses deste ano, o pregão eletrônico foi a modalidade mais utilizada por MPEs -foram negociados R$ 400 milhões. Depois, vêm o pregão presencial (R$ 87 milhões) e a concorrência (R$ 86 milhões).
"Licitação é um modo barato de o governo usar seu poder de compra e gerar empregos", diz o secretário de Logística e Tecnologia do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna.
Outra iniciativa para ampliar a participação dessas firmas está no projeto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, em tramitação na Câmara. Segundo o texto, se o valor da compra for de até R$ 80 mil, deverá haver uma modalidade licitatória específica para MPEs.

Desafios
A tarefa da inclusão, no entanto, não deverá ser fácil. "O grande desafio é a capacitação de 10 mil empresários nesse prazo", destaca Santanna.
Para Francisco Guglielme Júnior, professor de empreendedorismo da Fundação Getulio Vargas, é preciso não só elevar o número de empresas participantes mas também ampliar a participação das que são fornecedoras. "Deve haver cruzamento das duas iniciativas."
A Agência Mind, que realiza pesquisas de mercado, começou recentemente a prestar serviços para órgãos públicos. "Em licitações, pulamos a etapa de convencer o cliente a comprar o produto", conta o diretor comercial, Levi Guimarães, 41. Além disso, segundo ele, a participação tem um valor estratégico. "Prestar um bom serviço a esses órgãos fortalece a imagem da empresa", avalia.


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