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GIRO PÚBLICO
Informações pouco claras inibem maior participação
Para empresário, é difícil analisar itens jurídicos e técnicos do edital
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Apesar do aumento da participação de MPEs em compras
do governo, o empresário ainda
tropeça em dificuldades. O
maior problema está na obtenção de informações, dizem especialistas ouvidos pela Folha.
"Falta a empresa saber que
pode participar da licitação. É
papel do Estado fazer a divulgação", avalia Francisco Guglielme Júnior, da FGV.
Para o advogado Ariosto Mila Peixoto, que já foi pregoeiro,
o maior déficit está nas instruções jurídicas e técnicas contidas em um edital bem-feito.
Preocupam também a falta de
pessoas com formação para julgar bem o processo licitatório e
a boa fiscalização do contrato.
Mas os empresários também
devem se responsabilizar. Ler o
edital de ponta a ponta, por
exemplo, é obrigatório. Sem isso, a empresa corre o risco de
ser desabilitada no meio do
processo ou de sofrer sanções
após a contratação, por não
cumprir todas as exigências
contidas nas letras miúdas.
Peixoto dá um exemplo do
que pode acontecer: uma empresa ganhou uma licitação para fornecer mil televisores ao
governo. Somente depois de
contratados, os empresários
foram ler, de fato, o edital. E viram que teriam de entregar os
aparelhos em 600 municípios
diferentes -e arcar com os custos da distribuição.
A burocracia exigida no edital também está entre os itens
que atrapalham -e que podem
impedir- a habilitação. "As
empresas têm dificuldade para
reunir a documentação jurídica e fiscal e ter atestados de capacidade técnica prontos", diz
Renato de Almeida Silva, consultor jurídico do Sebrae-SP.
A Microware, que faz assistência técnica e vende equipamento de informática para órgãos públicos, procura manter
a papelada em dia. Para Luiz
Rosa, responsável pela área de
licitações da empresa, "o que
"mata" é o dinheiro gasto com
autenticação de documentos".
Precauções
Os cuidados devem ir além
da leitura e da burocracia. É
consenso: a melhor estratégia é
jamais ter o governo como único cliente. "Quando o governo
faz licitação, tem o dinheiro
previsto no orçamento. Mas esse dinheiro só irá existir com a
receita dos impostos", diz Peixoto. Assim, o empresário pode
ter de esperar pelo pagamento.
A sugestão é ter outros clientes. "A empresa pode começar
com licitações eletrônicas,
comprometendo 10% ou 15%
do faturamento", sugere Sonia
Moura, superintendente geral
do ConLicitação (Consórcio
Nacional de Licitação).
Também não se deve sugerir
um preço mais baixo do que a
empresa agüenta. "No último
pregão, ganhei, mas "tomei um
chumbo': o preço ficou baixo e
estamos sofrendo", conta Roberto Batista, 48, proprietário
da lavanderia Leve Limpo, que
participa de licitações há dez
anos. "Não é muito rentável,
mas os clientes domésticos
equilibram a conta."
(MI)
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