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Em foco
Viagem a países gelados esquenta nicho de mercado
Empresários investem em vendas de roupas e equipamentos para neve
ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Brasil e neve combinam. E
muito. É o que dizem empresários que, percebendo o número
cada vez maior de brasileiros
com viagem marcada para países frios, decidiram investir nas
temperaturas abaixo de zero.
Recentemente inaugurada
no MorumbiShopping, a Casa
de Pedra, que começou como
um centro esportivo de escalada, passou a comercializar artigos para esportes de inverno.
"O segredo nesse mercado é
ter como opção uma diversidade de modelos e marcas de produtos aos clientes", expõe o
proprietário da empresa, Alexandre Cesar da Silva, 33.
A empresária Cristina Zanni,
54, é outra que apostou nesse
segmento. Sua loja, a Benevento, especializou-se na venda de
vestuário de inverno com lojas em Campinas e em São Paulo.
"Para atrair os clientes, decorei o estabelecimento com paisagens de regiões frias", conta.
De olho no incremento do
caixa, Fernando Li Barbosa, 31,
da loja Pé na Trilha, especializada em vestuário e acessórios
para viagens e esportes de verão e inverno, estudou seu público-alvo e mudou a estratégia:
agora, comercializa seus produtos também pela internet.
"Com isso houve um aumento de 60% nas vendas", afirma.
O baixo valor do dólar é uma
das razões que explicam o aumento de viajantes brasileiros
ao exterior. Destinos até então
considerados de elite, como Bariloche, na Argentina, integram
pacotes econômicos, como os
da operadora de turismo CVC.
Dados do Ministério do Turismo indicam que, no ano passado, cerca de 196 mil pessoas
viajaram para o Chile e 50 mil
para o Canadá, por exemplo.
Neve dura
Embora o cenário seja positivo para esse nicho, é essencial
ficar atento a especificidades.
O consultor de marketing do
Sebrae-SP (Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) João Abdala aconselha planejar os investimentos
e as compras de mercadorias.
"Uma vez que se trata de um
comércio sazonal, é interessante também acompanhar a cotação do dólar, variável que influencia bastante na movimentação turística", recomenda.
Um dos entraves para esse tipo de comércio é a alta carga
tributária. Por conta disso, verifica-se uma grande diferença
dos preços praticados no Brasil
e em outros países, onde os
acessórios podem ser alugados.
"Enquanto uma mochila
chega a custar R$ 600 aqui, lá
fora, o mesmo artigo pode sair
por US$ 150", atesta Barbosa.
A burocracia existente na importação de mercadorias é outro problema. "Um produto,
para ser realmente liberado, fica muito tempo parado na alfândega", alega Cristina Zanni.
Para Ramiro Eli, 30, diretor
de produtos da Kailash, indústria que produz uma série de
acessórios e vestuários para inverno, o setor tem dois desafios: levar ao conhecimento do
público as características de
produtos de neve e encontrar
novos mercados de compra.
"Assim, não ficamos reféns
da sazonalidade", finaliza.
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