São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2011


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Empreendedorismo muda área de destino de migrante

Polo de atração de 'forasteiro' tende a crescer mais agora, diz especialista

Marisa Cauduro/Folhapress
Raimundo Soares em seu restaurante,oGalinhada do Bahia

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

O empreendedorismo de migrantes move a economia -mas, em áreas de metrópoles brasileiras que receberam pessoas de outros Estados até os anos 1980, o crescimento começa a ser visto agora.
Quem faz a avaliação é o jornalista canadense Doug Saunders, autor de "Arrival City" (cidade de chegada, em tradução livre), lançado neste ano nos EUA. O termo cunhado por ele refere-se a regiões, como bairros, que migrantes vindos do interior rural adotaram para viver.
Devido à instabilidade econômica até meados dos anos 1990, pequenos negócios de pessoas que deixaram a cidade natal não nasceram e cresceram na velocidade com que poderiam. Hoje, diz ele, que dedicou dois capítulos do livro ao Brasil, inicia-se nova fase -com novos empreendimentos e formalização.
Estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado neste mês mostra que o empreendedorismo foi opção de um quarto dos migrantes que se estabeleceram em São Paulo.
Entre cearenses, por exemplo, 4,3% são empregadores e 22,7% trabalham por conta própria, o que inclui "desde quem vende bala no sinal até consultor", diz o pesquisador Herton Araújo, do Ipea.
Araújo tem duas hipóteses para o percentual de migrantes empreendedores -que, dependendo da origem, passa o de paulistas. Uma é a dificuldade de conseguir emprego formal devido ao preconceito. Outra é a relutância em ter patrão -o que chama de "verve empreendedora".
Natan da Silva, 48, saiu de Sousa, na Paraíba (a 434 km de João Pessoa), onde plantava milho e feijão, para São Paulo em 1991 e tornou-se empreendedor por falta de opção. "Só queriam [contratar] quem tinha experiência."
Virou camelô porque "era só colocar a barraca na rua". Há três anos, tem um estande de produtos eletrônicos.

'FORROZINHO'
Já Raimundo Souza Soares, 62, conseguiu emprego ao chegar a São Paulo em 1975, aos 17 anos. Deixou o trabalho de vaqueiro em Rui Barbosa (a 320 km de Salvador) para atuar em frigorífico.
"Comecei a vender comida quando fazia um 'forrozinho' em casa e larguei o trabalho." O evento transformou-se em restaurante, cujo nome leva um prato que produz e seu apelido: Galinhada do Bahia.



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