São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007


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CARDÁPIO DE VERÃO

Temporada deve ser vista como meio de alcançar meta

Investimento na estação não garante recursos para o ano todo; governos locais criam barreiras

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma das grandes ambições dos empresários que investem em altas temporadas é trabalhar apenas uma parte do ano e viver do que foi arrecado. Mas a verdade é que poucos conseguem realizar essa façanha.
"Quem monta um negócio sazonal dificilmente lucra já no final das férias", explica Sérgio Marques, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes.
"Abrir as portas por três meses requer investimento alto, que nem sempre pode ser coberto a curto prazo", completa.
Por isso parte das empresas aposta no verão promovendo eventos de curta duração com apenas um objetivo: serem lembradas no resto do ano.
É o que faz Paulo Akiau, presidente da Body Systems. A empresa, que fatura licenciando programas de ginástica para academias, vai gastar R$ 50 mil para dar aulas na Riviera de São Lourenço, no litoral paulista.
Não cobrará nada por isso e espera atender cerca de 6.000 alunos até fevereiro. "O verão é um trampolim para aumentarmos as matrículas depois das férias", conta Akiau. A rede Bio Ritmo também vai montar uma academia gratuita no local.

Governos locais
Eventos de graça que atraem turistas dispostos a deixar vultosas somas na economia local são bem recebidos pelas prefeituras. Já comerciantes que encerram o expediente assim que a temporada acaba não costumam ser vistos com bons olhos pelos governos municipais.
Sétimo destino mais procurado em Santa Catarina, Garopaba espera, a partir deste mês, receber 150 mil turistas, que devem injetar U$ 40 milhões na cidade, segundo a prefeitura.
"Só a metade permanece no município", lamenta Zeno Castilho, diretor de eventos da secretaria de Turismo da cidade.
Conseqüência disso é a tentativa de as cidades praianas brecarem a instalação de pontos-de-venda sazonais. "Não oferecemos incentivo para negociantes que queiram se estabelecer na cidade por pouco tempo. Isso ameaça o comércio local, que espera o ano inteiro a chegada desta época", justifica Manoel de Jesus Ferreira, prefeito de Ilhabela.
Ainda assim, há quem aposte nas vendas aquecidas de férias. Lojista de um shopping em Santos, o comerciante Milton Tannouz acaba de inaugurar uma filial temporária de sua loja de roupas indianas. Alugou um estande em outro shopping da região por três meses.
"O verão é um bom momento para crescer", afirma. "Se o faturamento for bom, renovo o aluguel no final da temporada."
Para evitar atritos com governos locais, que podem vetar a instalação de empreendimentos temporários no futuro, Ricardo Camargo, da ABF (Associação Brasileira de Franchising), sugere procurar a associação comercial da cidade.
"Indispor-se com os comerciantes da região é a pior maneira de começar um negócio. Por isso é aconselhável que o empresário de fora se engaje em projetos socioambientais locais, como os que batalham pela limpeza das praias." (DS)


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