|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARDÁPIO DE VERÃO
Temporada deve ser vista como meio de alcançar meta
Investimento na estação não garante recursos para o ano todo; governos locais criam barreiras
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma das grandes ambições
dos empresários que investem
em altas temporadas é trabalhar apenas uma parte do ano e
viver do que foi arrecado. Mas a
verdade é que poucos conseguem realizar essa façanha.
"Quem monta um negócio
sazonal dificilmente lucra já no
final das férias", explica Sérgio
Marques, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes.
"Abrir as portas por três meses requer investimento alto,
que nem sempre pode ser coberto a curto prazo", completa.
Por isso parte das empresas
aposta no verão promovendo
eventos de curta duração com
apenas um objetivo: serem
lembradas no resto do ano.
É o que faz Paulo Akiau, presidente da Body Systems. A empresa, que fatura licenciando
programas de ginástica para
academias, vai gastar R$ 50 mil
para dar aulas na Riviera de São
Lourenço, no litoral paulista.
Não cobrará nada por isso e
espera atender cerca de 6.000
alunos até fevereiro. "O verão é
um trampolim para aumentarmos as matrículas depois das
férias", conta Akiau. A rede Bio
Ritmo também vai montar uma
academia gratuita no local.
Governos locais
Eventos de graça que atraem
turistas dispostos a deixar vultosas somas na economia local
são bem recebidos pelas prefeituras. Já comerciantes que encerram o expediente assim que
a temporada acaba não costumam ser vistos com bons olhos
pelos governos municipais.
Sétimo destino mais procurado em Santa Catarina, Garopaba espera, a partir deste mês,
receber 150 mil turistas, que
devem injetar U$ 40 milhões
na cidade, segundo a prefeitura.
"Só a metade permanece no
município", lamenta Zeno Castilho, diretor de eventos da secretaria de Turismo da cidade.
Conseqüência disso é a tentativa de as cidades praianas
brecarem a instalação de pontos-de-venda sazonais.
"Não oferecemos incentivo para negociantes que queiram se
estabelecer na cidade por pouco tempo. Isso ameaça o comércio local, que espera o ano
inteiro a chegada desta época",
justifica Manoel de Jesus Ferreira, prefeito de Ilhabela.
Ainda assim, há quem aposte
nas vendas aquecidas de férias.
Lojista de um shopping em
Santos, o comerciante Milton
Tannouz acaba de inaugurar
uma filial temporária de sua loja de roupas indianas. Alugou
um estande em outro shopping
da região por três meses.
"O verão é um bom momento
para crescer", afirma. "Se o faturamento for bom, renovo o
aluguel no final da temporada."
Para evitar atritos com governos locais, que podem vetar
a instalação de empreendimentos temporários no futuro, Ricardo Camargo, da ABF (Associação Brasileira de Franchising), sugere procurar a associação comercial da cidade.
"Indispor-se com os comerciantes da região é a pior maneira de começar um negócio.
Por isso é aconselhável que o
empresário de fora se engaje
em projetos socioambientais
locais, como os que batalham
pela limpeza das praias."
(DS)
Texto Anterior: Restaurante japonês desce a serra e cria festival de música no litoral norte de SP Próximo Texto: Pontos de atenção Índice
|