São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004


Próximo Texto | Índice

CONSUMIDOR MIRIM

Comportamento exigente amplia mercado para esse público e gera inovações

Criança bate o pé para ser cliente VIP

TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar dos poucos centímetros de altura, eles já dão sinais de que sabem bem o que querem. Da roupa à comida, passando pelo salão de cabeleireiro, criança hoje palpita em tudo o que consome. O resultado é um alargamento do mercado focado nesse público, com opções cada vez mais especializadas e inovadoras.
"O comportamento infantil mudou muito com a exposição à informação. Aumentou o poder de análise e de comparação [das crianças]", observa Ana Vecchi, consultora da Vecchi & Ancona.
Segundo ela, apesar de promissor, o nicho requer cuidados redobrados. "É um público que preza a repetição, mas nem sempre é fácil de fidelizar. Há uma necessidade de atualização constante do negócio", observa a especialista.
Isso porque o apelo capaz de fisgar o cliente mirim tem, segundo Vecchi, um "tempo de vida". "Se aposta num conceito que leve décadas para ter retorno, o empresário está perdido. O consumidor cresce, e a cabeça dele muda."
Some-se a isso o fato de que, além de seduzir a garotada, é preciso ganhar a simpatia dos pais. Para tanto, três fatores são essenciais em qualquer negócio que foque esse público: segurança, higiene e proposta educativa.
De olho na influência dos pequenos, o Shopping Jardim Sul, em São Paulo, tem como meta construir a imagem de ser um centro onde a criançada receba tratamento diferenciado. "Descobrimos que há 90 mil crianças na área de influência do shopping e apostamos nelas", diz a gerente de marketing, Alessandra Prado, 32.
O shopping lançou, neste ano, a sua Semana de Moda Infantil, o primeiro evento com foco nos pequenos. "Quando os adultos estão com criança, as compras por impulso são maiores", conta. É a força do "Eu quero".
Já o restaurante paulistano Josephine decidiu oferecer um cardápio infanto-juvenil especial. O menu inclui cachorro-quente e picanha com batata frita.
Para a psicóloga infantil Silvana Rabello, cabe aos pais vigiarem o consumismo dos filhos. "Há muita projeção dos adultos nesse comportamento, impõe-se a idéia de que é preciso ter coisas boas e ganhar muito dinheiro. Isso gera o sofrimento do não ter", alerta.


Próximo Texto: Entretenimento: Firma faz vídeo só para bebês
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.