RENATO ESSENFELDER
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Exportar é preciso, mas não é fácil. Vários empecilhos dificultam a disputa por mercados internacionais, especialmente para as micro e pequenas empresas, que produzem em pequena escala e raramente têm acesso a linhas de crédito.
O primeiro obstáculo, porém, é cultural. Segundo analistas ouvidos pela Folha, muitos empresários não cogitam a possibilidade de exportar.
Para desmitificar a idéia de exportação como privilégio reservado às grandes corporações, o Monampe (Movimento Nacional da Micro e da Pequena Empresa) promoveu, no último dia 7, em Curitiba (PR), o "1º Encontro da Micro e Pequena Empresa do Mercosul".
O objetivo, diz o presidente da entidade, Ercílio Santinoni, foi de integrar pequenos empresários do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai.
"Temos de investir para superar a crise, motivar o empresariado e incentivar as exportações. E é natural que nos voltemos para o Mercosul porque é o mercado mais próximo."
As propostas do movimento são de formação de associações de pequenos exportadores, troca de informações entre as instituições representativas do empresariado e treinamento de pessoal qualificado para auxiliar nas operações comerciais.
Além disso, o Monampe defende que a receita proveniente de exportações não influa sobre o cálculo da alíquota de contribuição do Simples.
A organização decidiu encaminhar as propostas para representantes do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Alca
O secretário-geral da recém-criada Olamp (Organização Latino-Americana da Micro, Pequena e Média Empresa), o argentino Roberto Cristaldi, afirmou que, além da lucratividade, há outro bom motivo para os empresários do Mercosul fortalecerem os vínculos.
"É agora ou nunca, senão a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) nos engole."
As negociações para a criação da Alca, diz Cristaldi, não incluem as pequenas empresas. "Precisamos nos fortalecer para ter voz nessas discussões."