São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008


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REFLEXOS DA ECONOMIA

Nova classificação do Brasil deve beneficiar MPEs indiretamente

Preparo do empresário é chave para obter capital

DA REPORTAGEM LOCAL

Com a classificação do Brasil como grau de investimento, espera-se um fluxo maior de capital para o país. Esse dinheiro deve beneficiar primeiro as grandes empresas e, indiretamente, as firmas menores.
Fundos internacionais que não podem investir em países sem grau de investimento passam a colocar o Brasil -e as empresas daqui- no foco.
Em razão do crescimento de grandes companhias, que poderão receber investimento direto, haverá mais demanda por parceiros de menor porte.
"Os pequenos não têm acesso direto ao mercado externo, mas serão beneficiados pelo capital disponível", aponta Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset.
Mas, segundo David Kallás, professor e coordenador de cursos executivos do Ibmec São Paulo, há uma "lição de casa": para aproveitar um cenário potencialmente positivo, é preciso ter práticas mais transparentes de governança corporativa e profissionalizar a gestão.
Iniciativas de organização também ajudam em empresas com alto potencial de crescimento -as de base tecnológica, por exemplo- que queiram aproveitar a melhoria da clas-sificação do país para atrair aportes de capital de risco.
"Depois do grau de investimento, diversos fundos irão se formar a mais com o dinheiro que vem de fora. O mercado vai ganhar liquidez", assinala Eduardo Costa, diretor de inovação da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
Clovis Benoni Meurer, diretor da gestora de fundos CRP, concorda: "Nossos fundos recebiam, em média, até 30% de investimento externo. Agora, teremos um fundo com 50% de capital estrangeiro".
Mas, também nesses casos, as empresas terão de ser organizadas para mostrar aos fundos que elas apresentam bom potencial de retorno, com estrutura tecnológica e de gestão, ensina Olívio Ávila, diretor-executivo da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras).

Gargalo
Apesar da política industrial e do grau de investimento, há, ainda, gargalos que dificultam o crescimento para as micro e pequenas empresas.
"Temos dificuldades para implantar pólos tecnológicos, há pouco incentivo fiscal", aponta Claudio Gonçalves, conselheiro do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia). "A burocracia para abrir empresa, conseguir crédito e importar é grande, além da carga tributária", enumera.
Para José Geraldo Brasil, presidente da JGB, que produz equipamentos de segurança e está retomando um projeto de internacionalização, seu maior problema são os custos de exportar e importar no país.
"Não adianta criar linhas de crédito se a infra-estrutura básica é travada", diz. (MI)


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