São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2011


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Burocracia causa lentidão na abertura de empresas

Governo de SP aprova programa de R$ 191 milhões para agilizar processos

Isadora Brant/Folhapress
Brás de Andrade, que abriu uma empresa de transporte

MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO

Filas de até quatro horas de espera para atendimentos que levam um minuto ou dois e processos que chegam a demorar meses para conclusão.
Essa é a realidade de quem tenta abrir ou mudar a situação legal de empresa na Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), segundo a Folha apurou com empresários e contabilistas e comprovou em visita ao local.
A MoBi Design, de móveis, com matriz em São Paulo, está abrindo filiais no Rio e no Paraná. Para isso, teve de solicitar novo registro e nova certidão na junta.
"Nós contávamos com uma espera de três a cinco dias, mas levaram 26 para liberar os documentos", relata Rafael Lopes, dono da empresa.
Isso significou R$ 16 mil a menos no bolso do empresário, que precisou pagar o aluguel dos pontos comerciais que não pôde utilizar por falta da documentação.
A contadora contratada para o serviço, Rosangela Colangelo, diz que o atraso não foi maior por ela ter reclamado à ouvidoria do órgão, à Secretaria da Fazenda do Estado e ao Sescon (sindicato de empresas do ramo contábil).
"Em uma das vezes que fui lá [à Jucesp], um funcionário me recomendou entrar com mandado de segurança", diz.
Nos escritórios regionais da Jucesp, a situação muda. É neles que o contador Roberto Pichelli diz entrar com a papelada de seus clientes, pois, na sede da junta, processos que levavam, em 2010, até uma semana estão demorando 25 dias, contabiliza.
Nos escritórios, conta Pichelli, pagam-se R$ 50 por processo -na sede da junta, não há esse custo-, "mas são concluídos em um dia".
Foi o caso de Brás de Andrade, que abriu empresa de transporte.
A assessoria da Jucesp afirma que esse pagamento é legal e que o aumento da espera por serviços nos últimos meses se deve a uma "natural elevação de demanda" que ocorre de maio a agosto. Informou ainda que o tempo médio de espera para atendimento no primeiro semestre de 2011 foi de 39 minutos.

ATÉ 2015
Os processos atrasam pela burocracia, concordam especialistas ouvidos pela Folha, o que poderia ser em parte resolvido se eles fossem virtuais. Essa é um dos objetivos do programa Via Rápida Empresa, aprovado no plano de investimentos para 2012-2015 no Estado de São Paulo e anunciado em 15 de agosto.
Serão destinados R$ 191,4 milhões para o programa, que tem entre suas metas reduzir tempo e custo de abertura e fechamento de micro e pequenas empresas. A implementação deve sair até 2015.



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