Leitura descuidada do contrato prejudica questionamento de cobranças

DE SÃO PAULO

Uma das dificuldades dos empresários que investem em shoppings é estabelecer um bom relacionamento com a administradora.
O dentista Edmilson Rezende, 45, teve um ponto em shopping de São Paulo por dez anos. Seu contrato venceu ao final do terceiro e não foi renovado, o que não o impediu de permanecer ali.
Com a modernização do local, a administradora pediu seu espaço. Como Rezende não tinha contrato formal, não conseguiu retê-lo. Foi oferecido novo ponto, mas ele não pôde pagar.
Por melhor que seja o diálogo entre lojista e administradora, a relação entre locatário e locador merece atenção. Cerca de 80% dos lojistas não leem atentamente as cláusulas do contrato, o que dificulta a contestação de cobranças abusivas, aponta o consultor jurídico do Sindilojas-SP (Sindicato dos Lojistas do Comércio de São Paulo), Mário Cerveira Filho.
"O empresário não acredita que pode negociar com a administradora. Aceita as condições para não perder o espaço", diz Cerveira Filho.
E, ao receber o boleto, fica assustado com alta cobrança de aluguel, condomínio e promoção do shopping. Mas uma negociação equilibrada é possível, desde que ocorra na fase pré-contratual, para evitar sustos com as taxas, conclui Cerveira Filho.
Elaborar bom plano de negócios é a sugestão do professor do Núcleo de Estudos do Varejo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Luiz Alberto Marinho, especialista no setor.
"Enquanto as vendas vão bem, não há conflitos. Mas, em tempos ruins, valem as regras do mercado -e altos custos são parte de trabalho em shopping", diz Marinho.
Para não perder dinheiro, o dentista Rezende alugou um espaço em um prédio comercial próximo ao anterior. "Estou bem aqui. Pago um valor menor por uma sala maior. E mantenho meus clientes", comemora. (BB)


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