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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003


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CAMPINAS

Com vocação inicial para comunicações, fotônica e biotecnologia, região começa a se especializar em informática

Software reprograma "cara" do pólo

GIOVANA TIZIANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM CAMPINAS

O pólo tecnológico de Campinas é controverso. Há quem o compare ao Vale do Silício, da Califórnia (EUA), centro tecnológico mais famoso do mundo, e há quem diga que ele só atrai empresas estrangeiras, mas não gera tecnologia. O que é certo, porém, é que nos últimos dez anos ele adquiriu nova cor, dada por pequenas e médias empresas geralmente ligadas à área de software.
O nome "Vale do Silício da América Latina" existe em razão de índices generosos. A região congrega 19 municípios e 13 mil indústrias, incluindo grandes companhias como Lucent, IBM, Motorola e Nortel, entre outras. Além disso, 85 pequenas e médias empresas tecnológicas foram criadas por ex-alunos e professores da Unicamp na última década.
Segundo a Fundação Seade, o pólo atraiu, entre outubro de 2001 e outubro de 2002, mais de US$ 2,5 bilhões em investimentos. Para o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), trata-se da segunda principal área de inovação da América Latina, atrás apenas de São Paulo.
Hoje a cidade possui três incubadoras de empresas de base tecnológica. A mais antiga, a da Ciatec (Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas), ligada à prefeitura, foi criada em 1985. A da Softex (Programa para Promoção da Excelência do Software Brasileiro) surgiu em 2000. A mais recente, de 2001, é a Incamp (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica), da Unicamp. Juntas, as três incubam 38 firmas.
O objetivo comum, diz o secretário municipal de Cooperação Internacional, Pedro Reis Galindo, é "transformar belas idéias em bons negócios. Queremos alimentar a produção nacional".
O entrosamento entre firmas estabelecidas no pólo, incubadoras e incubadas, segundo Fábio Pagani, da Acqua Software (incubada na Softex), ainda está começando, mas é promissor. "Há uma forte tendência de reunirmos todos em uma entidade reconhecida internacionalmente."
Até 2004 deve sair um estudo de viabilidade para a construção de um novo parque tecnológico na região, com investimento estimado em mais de US$ 1 bilhão.

Sem inovação
Apesar da aparente pujança, para o economista e professor do departamento de engenharia de produção da Poli-USP, Renato Garcia, "se o conceito de pólo tecnológico está associado ao fato de gerar tecnologia, então o pólo de Campinas não existe".
O estudioso afirma que é impossível fazer comparações com o Vale do Silício californiano, pois Campinas seria uma aglomeração de empresas que fabricam produtos de tecnologia e que procuraram a cidade por sua infra-estrutura (rodovias e o aeroporto internacional de Viracopos) e pelo custo menor da mão-de-obra.
As multinacionais, diz Garcia, não interagem com o ambiente tecnológico da região. Ele acrescenta que existem políticas de financiamento para as pequenas firmas tecnológicas, mas falta cultura de inovação a elas.


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