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LUCRO VERDE
Empresário ganha com redução de emissões
Mudar produção e vender créditos de carbono podem trazer retorno
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Além de reciclar para produzir novas matérias-primas,
empresários têm outras oportunidades em ecossoluções.
"Há "zilhões" de necessidades, mas é preciso ser criativo",
sugere Katherine Schulz, da
consultoria de oportunidades
sustentáveis Tandaká.
Para Fernando Almeida, presidente-executivo do Conselho
Empresarial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável,
em um cenário em que restrições como o racionamento de
energia só aumentam, também
devem crescer as oportunidades de negócio.
"Uma das alternativas é buscar soluções em eficiência
energética, substituindo fontes
poluentes por ecológicas", diz.
Essa foi a saída que Juarez
Cotrim, 38, encontrou para seu
negócio, a Cerâmica Luara, que
faz tijolos em Panorama (SP).
Desde 1993, quando adquiriu o
empreendimento, Cotrim utilizava lenha nas suas fornalhas.
Quando, em 2005, tomou
conhecimento das oportunidades no mercado de crédito de
carbono -que permite que a
redução de emissões de um
processo produtivo seja capitalizada-, resolveu reestruturar
toda a sua produção.
Cotrim passou a usar uma
biomassa feita a partir de serragem, que é menos poluente e
mais eficiente energeticamente. Para isso, investiu cerca de
R$ 300 mil em novos fornos e
equipamentos.
O quanto a empresa deixou
de poluir foi revertido em créditos de carbono. Com a primeira venda desses créditos,
para a empresa norte-americana Southeastern Carbon Solutions, no final de 2007, o investimento foi recuperado. Foram
23,7 mil toneladas de CO2, cada
tonelada a cerca de R$ 15.
O dinheiro dessa e da segunda venda -6.300 toneladas para um grupo francês- foi
reaplicado na companhia. Sua
produção mensal passou de
400 mil tijolos para 650 mil.
Cada milhar vale R$ 230.
Crescimento
O mercado voluntário para
créditos de carbono, para o qual
Cotrim fez suas vendas, cresceu 344% entre 2006 e 2007,
segundo dados do World Bank
Marketplace e do New Carbon
Finance publicados neste ano.
O mercado voluntário envolve países que não precisam reduzir a quantidade de emissões
que libera, como o Brasil,
ou que não tenham ratificado o
Protocolo de Kyoto -como os
Estados Unidos.
Stefano Merlin, diretor da
Social Carbon Company, consultoria focada em pequenas e
médias empresas, alerta que o
processo pode demorar de um
a dois anos, em parte devido
às burocracias envolvidas (leia
mais à direita).
"No caso de empresas muito
pequenas, é importante que se
juntem com outras do mesmo
setor para garantir a rentabilidade da prática", sugere. O volume mínimo anual de redução
é de aproximadamente 10 mil
toneladas de CO2.
(DB)
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