São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008


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LUCRO VERDE

Empresário ganha com redução de emissões

Mudar produção e vender créditos de carbono podem trazer retorno

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Além de reciclar para produzir novas matérias-primas, empresários têm outras oportunidades em ecossoluções.
"Há "zilhões" de necessidades, mas é preciso ser criativo", sugere Katherine Schulz, da consultoria de oportunidades sustentáveis Tandaká.
Para Fernando Almeida, presidente-executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, em um cenário em que restrições como o racionamento de energia só aumentam, também devem crescer as oportunidades de negócio.
"Uma das alternativas é buscar soluções em eficiência energética, substituindo fontes poluentes por ecológicas", diz.
Essa foi a saída que Juarez Cotrim, 38, encontrou para seu negócio, a Cerâmica Luara, que faz tijolos em Panorama (SP). Desde 1993, quando adquiriu o empreendimento, Cotrim utilizava lenha nas suas fornalhas.
Quando, em 2005, tomou conhecimento das oportunidades no mercado de crédito de carbono -que permite que a redução de emissões de um processo produtivo seja capitalizada-, resolveu reestruturar toda a sua produção.
Cotrim passou a usar uma biomassa feita a partir de serragem, que é menos poluente e mais eficiente energeticamente. Para isso, investiu cerca de R$ 300 mil em novos fornos e equipamentos.
O quanto a empresa deixou de poluir foi revertido em créditos de carbono. Com a primeira venda desses créditos, para a empresa norte-americana Southeastern Carbon Solutions, no final de 2007, o investimento foi recuperado. Foram 23,7 mil toneladas de CO2, cada tonelada a cerca de R$ 15.
O dinheiro dessa e da segunda venda -6.300 toneladas para um grupo francês- foi reaplicado na companhia. Sua produção mensal passou de 400 mil tijolos para 650 mil. Cada milhar vale R$ 230.

Crescimento
O mercado voluntário para créditos de carbono, para o qual Cotrim fez suas vendas, cresceu 344% entre 2006 e 2007, segundo dados do World Bank Marketplace e do New Carbon Finance publicados neste ano.
O mercado voluntário envolve países que não precisam reduzir a quantidade de emissões que libera, como o Brasil, ou que não tenham ratificado o Protocolo de Kyoto -como os Estados Unidos.
Stefano Merlin, diretor da Social Carbon Company, consultoria focada em pequenas e médias empresas, alerta que o processo pode demorar de um a dois anos, em parte devido às burocracias envolvidas (leia mais à direita).
"No caso de empresas muito pequenas, é importante que se juntem com outras do mesmo setor para garantir a rentabilidade da prática", sugere. O volume mínimo anual de redução é de aproximadamente 10 mil toneladas de CO2. (DB)


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