UOL


São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003


Próximo Texto | Índice

ÓRFÃOS DA MARCA

Falência da rede Stella Barros mostra fragilidades nas relações entre parceiros no franchising

Franqueado deve auditar a "matriz"

Fernando Moraes/Folha Imagem
Fábio Tavares, da Associação dos Franqueados da Stella Barros, negociou conversão à X-Virtual


RENATO ESSENFELDER
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se você possui uma franquia, certamente já ouviu do controlador da marca perguntas sobre seu faturamento mensal, índice de lucratividade, número de funcionários e nível de endividamento. Mas alguma vez já parou para devolver esses e outros questionamentos ao próprio franqueador?
O pedido de falência da operadora Stella Barros no último dia 13 trouxe à tona duas questões importantes: primeiro, o fato de uma boa parte do segmento de turismo -especialmente o internacional- andar "mal das pernas" nos últimos anos aqui no Brasil.
Segundo, a importância de o eventual franqueado conhecer muito bem a empresa franqueadora antes de se associar à marca.
A última pessoa a aderir ao sistema de franchising da Stella Barros, por exemplo, o fez em dezembro do ano passado -só dois meses antes do pedido de falência. Segundo Paulo Ancona, sócio da consultoria Vecchi & Ancona, esse é um contra-exemplo.
"Vendeu-se uma idéia no passado de que franquia era garantia de sucesso, mas é um negócio como outro qualquer. Nada mais óbvio do que a necessidade de o investidor analisar a marca, discutir taxas, coletar dados, avaliar documentos e contratos", explica.
Às vezes, porém, o empreendedor está ciente da situação, mas assume riscos. É o caso de José Campos, ex-franqueado da Stella Barros, que aderiu ao sistema em outubro de 2002 já sabendo que a situação financeira da operadora não era das melhores.
"Perdi os R$ 25 mil da taxa de franquia, mas os clientes conquistados continuam comigo", diz. Há uma semana, ele se tornou o primeiro franqueado -e também franqueador- da rede norte-americana Suncoast no Brasil.
"Há um mês e meio percebi que a falência era inevitável e procurei opções." Ao negociar sua saída do grupo, Campos escapou também da multa rescisória de R$ 12,5 mil.
O advogado Newton de Oliveira Neves lembra que a questão de a Stella Barros autorizar novas franquias dois meses antes de falir dá margem a discussão judicial. "O franqueado pode pleitear uma indenização por eventual prejuízo."
O presidente do Instituto Franchising, Marcelo Cherto, afirma, porém, que o caso da Stella Barros não representa uma crise no sistema de franquias. "Foram pouquíssimos eventos [de falências de marcas] até hoje. Isso mostra que o franchising brasileiro, de modo geral, atingiu um bom nível de profissionalização e é um sistema bastante seguro", defende.



Próximo Texto: Lojas da extinta rede já possuem novas bandeiras
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.