São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009


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Prejuízo invisível

Furto representa 38% das perdas do varejo no Brasil

Segmento de eletroeletrônicos é o mais afetado, seguido pelo de atacado

Karime Xavier/Folha Imagem


MONITORAMENTO
Compedidos que chegama 1.200 peças e para entrega imediata, a Dust Jeans não poderia investir emetiquetas eletrônicas, que teriam de ser retiradas uma a uma; a solução foi a instalação de câmeras, afirma a gerente de vendas Andreza Fernandes, 28

RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL
NATALIE CATUOGNO CONSANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O furto representa hoje 38,1% das perdas do varejo brasileiro. Dependendo do segmento de atuação do varejista, essa parcela pode ser ainda maior, chegando a 57,5%, como no caso de eletroeletrônicos.
As consequências desse tipo de ação são claras: redução da margem de lucro e, consequentemente, da competitividade. Mesmo assim, investir em sistemas de segurança e de controle de perdas ainda não se tornou procedimento padrão.
Para Patricia Vance, coordenadora do núcleo de prevenção de perdas do Provar/FIA (Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração), a falta de investimento em prevenção de perdas é uma questão cultural.
Até a estabilização da economia, em 1994, com o Plano Real, ganhava-se com a inflação. Agora, exige-se eficiência na operação para manter -ou aumentar- a margem de lucro e sobreviver no mercado.
Por isso, complementa, coibir os furtos é uma questão de sobrevivência para o varejista. Hoje os consumidores têm mais consciência de custo, o que impede que esse prejuízo seja repassado para os preços.
Mesmo assim, diz o economista Marcel Solimeo, da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), muitos comerciantes lançam mão desse recurso para tentar aplacar as perdas. "É inevitável. [A perda por furto] acaba compondo o preço."

Segmentos
O segmento mais afetado é o de eletroeletrônicos. Mas outros não ficam atrás. No atacado, os furtos representam 46,1% das perdas. Vestuário soma 46%; drogarias, 42,1%; supermercados, 35,4%; e material de construção, 33,8%.
Os dados são da 9ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro, feita por GPP-Provar/FIA (Grupo de Prevenção de Perdas), Nielsen, Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e Felisoni Consultores Associados. Entre os fatores de perda também estão erros administrativos, fornecedores e quebra operacional.
Segundo Vance, do Provar-FIA, muitas grandes e médias empresas já contam com sistemas estruturados de prevenção de perdas. Mas não é regra.
"Há redes de farmácias que trabalham sem isso", exemplifica. E diz que, entre os pequenos varejistas, a adoção de sistemas de segurança ou controle está longe de ser uma diretriz.

Controle
Para o coordenador do Núcleo de Varejo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Ricardo Pastore, as formas de controle e prevenção do furto devem ser incorporadas na gestão da empresa.
"Isso começa com uma boa gestão de estoque, o que muitos varejistas ainda não têm", finaliza Solimeo, da ACSP.

30,7%

É o índice de furtos externos, feitos por clientes, entre as perdas do segmento de eletroeletrônicos em 2008, segundo a 9ª Avaliação de Perdas do Varejo Brasileiro, feita com 77 empresas em dezembro do ano passado

29,2%

É o índice de furtos feitos por funcionários e terceiros entre as perdas do atacado. Seguem os eletrônicos (26,8%), segundo a 9ª Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro


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