São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2008


Próximo Texto | Índice

CÁLCULO DE VOLUME

Renda tem maior peso nas vendas

Redução no salário segura mais as compras do que retração no crédito
Marcelo Justo/Folha Imagem
Na Chamma da Amazônia, marca de cosméticos, a expectativa é dobrar as vendas no Natal

LUCIANE CRIPPA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tanto a renda como a disponibilidade de crédito são variáveis importantes na flutuação das vendas, mas as mudanças nos salários pesam mais na decisão de compra.
A conclusão é do estudo "Determinantes das Vendas no Varejo: o Papel da Renda e da Disponibilidade de Crédito", feito pelo Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração) e pela Felisoni Consultores Associados e obtido com exclusividade pela Folha.
Uma queda de 1% nos rendimentos diminui em 0,8% o consumo, enquanto um declínio de 1% na disponibilidade de crédito reduz as compras em apenas 0,12%.
"As pessoas são mais sensíveis ao dinheiro que falta no salário", aponta Claudio Felisoni de Ângelo, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e um dos autores do estudo.
Para fazer o levantamento, foram usados dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de 2000 a 2008.

Natal
O professor estima que, ainda que a perspectiva para o Natal de 2008 seja otimista, as vendas devem ser de 10% a 20% menores do que foram no mesmo período do ano passado.
Mas esse não é ainda um impacto da crise. "É porque 2007 foi um ano excepcional para as economias brasileira e mundial", explica Ângelo.
"Essa previsão de queda não é um resultado ruim. Só em janeiro teremos uma idéia de como a turbulência vai permear o mercado real", acrescenta.
"O consumidor ainda não pensa na crise porque segue empregado", ressalta Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.
Ele reitera que a crise financeira ainda não causará estragos nas vendas de Natal.

Do outro lado
Segundo o levantamento do Provar-FIA, as vendas de dezembro são as mais representativas do ano e somam quase o dobro da média de vendas do melhor trimestre do ano (veja gráfico abaixo).
A comerciante Patrícia Akemi Miasiro, 34, proprietária da Patt Embalagens e Artigos para Festas, confirma que há alteração nas vendas na época do Natal. No entanto, ela observa que, neste ano, o movimento não aumentou a partir de outubro, como costuma ocorrer.
A estratégia de Miasiro é fragmentar quantidades e diversificar o "mix". "Apostávamos mais em vender caixas fechadas de embalagens e enfeites para atacadistas. Neste ano, queremos ganhar na quantidade, vender "picado'", diz.


Próximo Texto: Produto mais barato é aposta para o melhor mês do ano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.