Pequenos do mesmo setor ganham em organização e em visibilidade

Rafael Hupsel/Folha Imagem

A Brisaltec, que fabrica móveis para empresas, tem parceiros no arranjo produtivo local do qual faz parte, o Movelaria Paulista


NATALIE CATUOGNO CONSANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em meio a notícias da compra da cervejaria norte-americana Anheuser-Busch pela belgo-brasileira InBev, Marcelo Carneiro da Rocha, presidente da Cervejaria Colorado, comemora outras compras no segmento: a de marcas artesanais pela Schincariol.
Também aprova a profissionalização de microcervejeiros, que deixam de produzir apenas para consumo próprio e passam a vender a produção. Ou seja, a entrada de mais concorrentes no mercado.
Pode parecer paradoxal, mas, em segmentos em busca de consolidação, a entrada de novos "players" é positiva porque ajuda a desenvolver o mercado.
"Afinal, são mais empresas que ampliam a oferta, investem para produzir demanda, abrem pontos-de-venda e redes de distribuição, e a competição ainda não é muito acirrada", afirma Luis Augusto Lobão, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral.
Um dos concorrentes de Rocha, Alexandre Bazzo, 32, sócio da cervejaria Bamberg, concorda. "Para a gente, é ótimo quando um concorrente aparece na mídia. Quando uma empresa do mesmo ramo investe em publicidade, divulga o segmento, ainda não tão popular quanto o das cervejas "de massa"."
Bazzo quer convencer empresários a investirem em propaganda. Ainda não conseguiu, mas tentará de novo no próximo encontro de cervejeiros.
Nessa mesma reunião, conta Rocha, os empresários do ramo deverão assinar um manifesto para pleitear a inclusão do segmento no Simples Nacional, já que a maioria das empresas fatura entre R$ 30 mil e R$ 120 mil mensais.

Crescer o bolo
"Esse tipo de colaboração é válida, principalmente quando a concorrência se dá entre o grande empresário e os pequenos carentes de organização. É uma forma de crescer o bolo, em vez de acirrar a competição pelas poucas fatias existentes", diz Guilherme Tiezzi, professor do Ibmec São Paulo e membro da ONG Value Builders.
Problemas comuns, que só podem ser enfrentados juntos e cujos ganhos serão compartilhados, são outro motivo para associações entre concorrentes, diz o professor Lemílson de Almeida, do Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração).
É o caso de 13 restaurantes de Holambra (125 km de São Paulo) que, por meio do projeto Empreender, do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), criaram um roteiro gastronômico.
A idéia é promover a cozinha local -que conta com comida árabe, holandesa, italiana e indonésia- e mostrar que a cidade não vive apenas de flores.


Próximo Texto: "Queremos afugentar os aventureiros do setor"
Índice