São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007


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ACORDO LEGAL

Arbitragem ainda engatinha no país

Entidades estimulam a formação de câmaras para atender micro e pequenos empresários

RAQUEL BOCATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Esqueça a toga e o martelo. Apesar de a sentença ter força de lei, quem decide não é o juiz. E o local não é um tribunal.
Regulamentada há dez anos, a arbitragem -método de solução de conflitos sem o auxílio do Poder Judiciário- vem expandindo seus contornos.
Antes restrita aos limites do desconhecimento dos procedimentos e da incerteza sobre sua eficácia, a alternativa aos tribunais vem ganhando adeptos -dispostos a levá-la ao alcance de micro e pequenas empresas.
Dois deles são o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e a CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil). Juntos, contribuíram para a criação de 87 câmaras de arbitragem e mediação. Para este ano, somente no interior do Estado de São Paulo, está prevista a formação de outras 25.
Apesar de ter como meta a inserção de dez grandes companhias e de dez instituições de ensino, são as firmas menores que estão na mira da CACB.
"O grande foco do trabalho são as micro, pequenas e médias empresas, que têm problema sério de acesso à Justiça", destaca Ana Paula Rocha Bomfim, 36, consultora da CACB.
O CFA (Conselho Federal de Administração) também está contribuindo para ampliar o raio de ação das câmaras arbitrais. Além de formar multiplicadores, com o intuito de levar a cada regional da entidade uma câmara de mediação e arbitragem, o conselho tem estimulado algumas faculdades a incluir disciplinas sobre o tema nos cursos de graduação em administração.
O Conima (Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem) confirma a tendência de aumento de câmaras -e de procedimentos- no país. Em 2005, haviam sido feitas 17.079 arbitragens. A entidade estima que, em 2006, tenha havido um aumento de 30%. Hoje, o Conima conta com 40 câmaras associadas. Outras 40 estão em filiação.
Apesar do incremento, o presidente do Conima, Cássio Ferreira Netto, diz que há dois entraves para a popularização da arbitragem: falta de divulgação e preconceito.
E completa: "É preciso uma mudança cultural para aumentar a aceitação da arbitragem".


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