São Paulo, domingo, 26 de maio de 2002


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GESTÃO

Enquanto a bola rola, empresários tentam tirar clientes de casa ou lucrar com promoções

Copa rende mais como marketing

PAULA LAGO
EDITORA-ASSISTENTE DE NEGÓCIOS E EMPREGOS

A Copa do Mundo sempre foi evento de fazer pipocar negócios e promoções e de lotar bares e restaurantes onde os amigos se juntam para torcer durante os jogos.
Mas neste ano fatores como a distância dos países-sede, o horário dos jogos e, claro, o desempenho não muito animador da seleção brasileira até agora (a oito dias do primeiro jogo) deixaram alguns investidores na "retranca".
"O clima está apenas temático, como festa junina, não há muita euforia", analisa Fabio Bom, 44, presidente da Anfab (Associação Nacional de Fabricantes de Brindes e Produtos Promocionais).
A saída dos empreendedores tem sido usar a Copa como ferramenta de marketing para estimular fidelidade ou atrair clientes.
Para Jaime Jimenez, 32, sócio-diretor da Sher Marketing Consultoria, tudo vai depender da criatividade. "Segmentos muito específicos, como bares e lanchonetes, vão conseguir lucrar se desenvolverem serviços inovadores. Só um telão não vai prender um cliente até as 3h", afirma.
Como inovador, entenda-se estimular grupos, e não clientes individuais, fazendo pacotes e promoções de acordo com o número de pessoas e reservar ambientes para empresas, por exemplo.
Um ramo que se beneficiou do horário foi o de hotéis, motéis e flats. "Não há mais quartos de motéis livres em dias de jogos do Brasil", diz Rogério Oliva, vice-presidente-executivo da Abredi (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Diferenciados).
Até porque a grande maioria dos torcedores vai ficar por aqui mesmo. Segundo dados da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), nas Copas de 1994 e de 1998, cerca de 20 mil brasileiros foram ver os jogos ao vivo em cada uma. Neste ano, a torcida canarinho no Japão e na Coréia deve estar reduzida a 7.000.

Bons de copo
A franqueadora BlockBuster (locadoras) investiu R$ 100 mil e, aproveitando parceria que tem com a Coca-Cola, lançou promoção em que o cliente adquire copos com a imagem de Pelé.
"Trata-se de um brinde que casa com o momento de consumo e com as duas marcas", afirma Andrea Bedricovetchi, 34, diretora de marketing da BlockBuster.
Na Líder Brinquedos, que fabrica também bolas promocionais, a produção média de 100 mil unidades por dia saltou para 150 mil devido ao Mundial. "Quando começam os jogos, as vendas caem, pois a maior parte da produção é voltada para promoção", lembra Geraldo Zinato, 43, proprietário.
A final de 1998, quando o Brasil perdeu para a França, não foi esquecida. "Como tínhamos vencido em 1994, as empresas investiram pesado e se deram mal em 1998", lembra Bom, da Anfab.
Exemplo foi a rede Armarinhos Fernando, que vende principalmente para o atacado. "Ficamos com alguns produtos estocados e, neste ano, estamos comprando com mais cautela", diz Marcio Eduardo Gavranic, gerente-geral.
"Tudo depende da seleção. Ninguém quer ter sua marca associada a perdedores", resume Zinato.


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