São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007


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entrevista

Clayton Christensen

Inovação de ruptura é chave para crescer, diz especialista

"A tecnologia será inovadora se implementada com o objetivo de simplificar e baratear o produto"

MARIA CAROLINA NOMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Transformar o difícil em fácil, e o caro, em barato. Descobrir necessidades e inventar produtos e serviços que as supram ou que facilitem a vida das pessoas.
É disso o que trata a inovação de ruptura ("disruptive innovation"), conceito criado pelo professor da Harvard Business School Clayton Christensen.
Em entrevista exclusiva à Folha, antes de sua apresentação no Fórum Mundial de Inovação, Christensen explicou como esse conceito pode impulsionar pequenas empresas.

 

FOLHA - A tecnologia é necessária para fazer a inovação de ruptura?
CLAYTON CHRISTENSEN -
A tecnologia pode ser sofisticada, mas será inovadora se implementada com o objetivo de simplificar e baratear o produto.

FOLHA - A tecnologia não é muito acessível a pequenas firmas. Como podem competir com as grandes?
CHRISTENSEN -
As pequenas empresas têm algumas vantagens em relação às grandes. A primeira é que pequenos mercados são atraentes para elas. A segunda é que o modelo de negócio das grandes empresas -que gastam muito dinheiro em produtos sofisticados- não torna itens simples e baratos atraentes financeiramente.

FOLHA - O conceito de inovação de ruptura tem como base a economia norte-americana. Ele pode ser aplicado em qualquer país?
CHRISTENSEN -
Pode. A inovação de ruptura acontece em todos os países e tem sido uma diretriz da macroeconomia.

FOLHA - Leva tempo para que o item inovador conquiste mercado. Como pequenas empresas conseguirão sobreviver até lá?
CHRISTENSEN -
Se as pequenas entrarem no mercado, observarem o que os clientes estão fazendo- não pergunte o que eles querem, veja o que eles fazem- e criarem um produto que os ajude a fazer algo de maneira mais conveniente e barata, elas se tornarão grandes. As empresas devem buscar soluções simples para o que as pessoas crêem ser complicado.

FOLHA - Em São Paulo, a minoria das pequenas empresas procuram informação sobre design como fator de inovação. Por quê?
CHRISTENSEN -
Quando a economia se move da pobreza à prosperidade, chega um ponto em que a funcionalidade e a performance do produto são boas o suficiente para pensar em design. A economia paulista está próspera para levar indústrias a se interessarem pelo design?

FOLHA - O governo brasileiro regulamentou em 2005 uma lei sobre inovação. Pequenas empresas podem usar laboratórios de universidades gratuitamente para criar seus experimentos. É um avanço?
CHRISTENSEN -
É uma boa coisa. Outros elementos importantes devem andar em conjunto, como disponibilidade de capital e disposição dos empresários a novas empreitadas. O Brasil é um dos países mais inovadores do mundo.

FOLHA - O que torna uma pessoa inovadora?
CHRISTENSEN -
Elas são muito absorventes. Vêem o que as pessoas fazem e se perguntam o porquê daquilo. Assim, descobrem o que falta no mercado.
Esse instinto e esse questionamento são as principais características do inovador.


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