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entrevista
Clayton Christensen
Inovação de ruptura é chave para crescer, diz especialista
"A tecnologia será inovadora se implementada com o objetivo de simplificar e baratear o produto"
MARIA CAROLINA NOMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Transformar o difícil em fácil, e o caro, em barato. Descobrir necessidades e inventar
produtos e serviços que as
supram ou que facilitem a
vida das pessoas.
É disso o que trata a inovação
de ruptura ("disruptive innovation"), conceito criado pelo
professor da Harvard Business
School Clayton Christensen.
Em entrevista exclusiva à
Folha, antes de sua apresentação no Fórum Mundial de Inovação, Christensen explicou
como esse conceito pode impulsionar pequenas empresas.
FOLHA - A tecnologia é necessária
para fazer a inovação de ruptura?
CLAYTON CHRISTENSEN - A tecnologia pode ser sofisticada, mas
será inovadora se implementada com o objetivo de simplificar
e baratear o produto.
FOLHA - A tecnologia não é muito
acessível a pequenas firmas. Como
podem competir com as grandes?
CHRISTENSEN - As pequenas empresas têm algumas vantagens
em relação às grandes. A primeira é que pequenos mercados são atraentes para elas.
A segunda é que o modelo de
negócio das grandes empresas
-que gastam muito dinheiro
em produtos sofisticados- não
torna itens simples e baratos
atraentes financeiramente.
FOLHA - O conceito de inovação de
ruptura tem como base a economia
norte-americana. Ele pode ser aplicado em qualquer país?
CHRISTENSEN - Pode. A inovação
de ruptura acontece em todos
os países e tem sido uma diretriz da macroeconomia.
FOLHA - Leva tempo para que o
item inovador conquiste mercado.
Como pequenas empresas conseguirão sobreviver até lá?
CHRISTENSEN - Se as pequenas
entrarem no mercado, observarem o que os clientes estão
fazendo- não pergunte o que
eles querem, veja o que eles fazem- e criarem um produto
que os ajude a fazer algo de maneira mais conveniente e barata, elas se tornarão grandes.
As empresas devem buscar
soluções simples para o que as
pessoas crêem ser complicado.
FOLHA - Em São Paulo, a minoria
das pequenas empresas procuram
informação sobre design como fator
de inovação. Por quê?
CHRISTENSEN - Quando a economia se move da pobreza à prosperidade, chega um ponto em
que a funcionalidade e a performance do produto são boas o
suficiente para pensar em design. A economia paulista está
próspera para levar indústrias a
se interessarem pelo design?
FOLHA - O governo brasileiro regulamentou em 2005 uma lei sobre
inovação. Pequenas empresas podem usar laboratórios de universidades gratuitamente para criar seus
experimentos. É um avanço?
CHRISTENSEN - É uma boa coisa.
Outros elementos importantes devem andar em conjunto,
como disponibilidade de capital e disposição dos empresários a novas empreitadas.
O Brasil é um dos países mais
inovadores do mundo.
FOLHA - O que torna uma pessoa
inovadora?
CHRISTENSEN - Elas são muito
absorventes. Vêem o que as
pessoas fazem e se perguntam
o porquê daquilo. Assim, descobrem o que falta no mercado.
Esse instinto e esse questionamento são as principais características do inovador.
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