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São Paulo, domingo, 29 de junho de 2003


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Estilistas-empresários de até médio porte usam patrocínio para desfilar na São Paulo Fashion Week

Pequenos avançam nas passarelas

Fernando Moraes/Folha Imagem
André Lima calcula gastar de R$ 50 mil a R$ 100 mil na SPFW. "Sem patrocínio, é inviável", diz.


DA REDAÇÃO

Amanhã, segunda-feira, tem início a segunda edição de 2003 da São Paulo Fashion Week, um dos mais badalados eventos de moda do país. Até o dia 5 de julho, sábado, são esperados no pavilhão da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo, centenas de modelos de elite, personalidades, produtores de moda e também compradores.
No meio de todo esse glamour fashion, há muito espaço para os negócios. Mais do que isso, também há espaço para alguns pequenos negócios de moda.
Estilistas de menor porte, considerados muitas vezes mais ousados e inventivos do que os de grandes grifes, têm vez, durante o evento, na mesma passarela de marcas como Cori, Ellus, Triton, Zoomp e outras. Para chegar lá, eles são primeiro submetidos a um júri que avalia se determinada marca pode ou não desfilar.
Vencida essa etapa, dizem estilistas de pequeno e médio porte, é importante não se deixar levar pelo sonho do estrelato e botar os pés no chão. Em outras palavras, é o momento de calcular as receitas e as despesas da empreitada e avaliar se a participação será realmente benéfica ou se vai gerar mais dívidas do que dividendos.
"É difícil viabilizar um desfile, buscamos parcerias ao longo do ano inteiro para a semana de moda", conta o estilista André Lima, que participa nesta semana pela quinta vez da São Paulo Fashion Week (que tem duas edições por ano). Segundo ele, convém ser "50% estilista e 50% empresário" para se firmar no mundo fashion.
Lima começou sua empresa há quatro anos, dentro do próprio apartamento, contando com a ajuda de uma única costureira. Hoje tem 30 colaboradores e showroom próprio, mas ainda se considera pequeno empresário.

Investimento
"Pouco mais do que uma pequena empresa, mas ainda não uma de médio porte." Essa é a definição de Paola Robba, sócia da grife Poko Pano, para sua firma.
Robba participará pela segunda vez do evento, mas diz que a ansiedade é a mesma da estréia. "Não consigo dormir direito." A expectativa, afirma, é conquistar visibilidade diante de compradores nacionais e internacionais.
As despesas para produzir um desfile para a semana de moda não são pequenas. André Lima calcula que deve gastar de R$ 50 mil a R$ 100 mil no evento, que se torna inviável para os pequenos sem o apoio de patrocinadores.
Mas o estilista carioca Maxime Perelmuter prega que "o custo não está relacionado com o sucesso da apresentação". Participando pela primeira vez da edição de verão da São Paulo Fashion Week, Perelmuter afirma que consegue gastar 25% do orçamento aplicado por uma grande marca sem perder qualidade. "Estamos em uma época de desfiles mais simples, mais técnicos."
Já Walter Rodrigues, que participa desde 1994 de eventos de moda, decidiu não entrar nesta edição da Fashion Week. Isso porque está reestruturando a marca e planeja se dedicar integralmente ao lançamento de sua coleção de verão na Europa.
Para ele, participar do evento sem ter condições de honrar os contratos alavancados no local pode "queimar o filme" da marca. "Não adianta abrir as portas do mercado, se você não consegue mantê-las abertas depois do desfile", concorda André Lima.
(RENATO ESSENFELDER)


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