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São Paulo, domingo, 30 de março de 2003


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GESTÃO

Moda entre grandes empresas, conceito mostra que também pode trazer benefícios às menores

Governança corporativa ganha vez

DA REDAÇÃO

Ética, preocupação com o ambiente, responsabilidade social e, sobretudo, transparência, controle e equilíbrio societário. Esses conceitos, que balizam o que se chama de governança corporativa, já viraram moda nas grandes empresas. Mas ainda estão distantes das pequenas e médias.
O termo pode assustar inicialmente, mas, ao menos na teoria, é simples: trata-se de um sistema de relacionamentos que objetiva melhorar o desempenho da empresa e facilitar o seu acesso ao capital (leia mais no quadro abaixo).
A expressão abrange principalmente assuntos relativos ao poder de controle e direção dos negócios. Conflitos entre os sócios, profissionalização de empresas familiares e transparência de informações são alguns temas.
"Erroneamente, o conceito só é visto para empresas de capital aberto. As melhores práticas servem para qualquer uma", afirma Heloisa Bedicks, diretora-executiva do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).
"Só pelo fato de permitir maior controle sobre a empresa, a prática já é importante. E a preocupação com a transparência está crescendo", avalia Decio Zylbersztajn, pesquisador da FIA-USP (Fundação Instituto de Administração).
Na opinião de Eduardo Bom Ângelo, 46, professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) Educacional de São Paulo, "a governança corporativa ajuda a abrir fontes de investimentos externos, buscar recursos em bancos, fazer parcerias estratégicas e atrair novos sócios".
"É preciso fazer com que os outros acreditem que a empresa é bem gerida, não basta gerenciá-la corretamente", resume Herbert Steinberg, 47, sócio da Mesa, que dá consultoria sobre o assunto.

Decisão descentralizada
Algumas empresas de menor porte já se lançaram à frente das demais. Como a Four Union, especializada em comércio exterior. Entre as medidas para obter transparência, foram abertos os dados aos funcionários e adotadas reuniões quinzenais para traçar perspectivas e discutir a situação da empresa. Os sócios também descentralizaram decisões.
"Passamos a trabalhar com projetos maiores, que, sozinhos, faturam o que antes levávamos dois anos", diz Nelly Damas, 43, sócia.
A indústria de fitas têxteis Progresso Hudtelfa, que fica em Nova Odessa (a 126 km de São Paulo), entrou a fundo no conceito de governança corporativa. "Adotamos desde a contratação de dois conselheiros profissionais até a fixação de quantidades de votos para decisões", conta o diretor-presidente, Fernando Suzigan, 42.
(CÁSSIO AOQUI)


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