São Paulo, domingo, 30 de março de 2008 |
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CAIXA VAZIO Cresce inadimplência de empresas Micro e pequenas somam 99,8% das dívidas com bancos; aumento do crédito é explicação
DIOGO BERCITO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Boas notícias, como o aumento do crédito concedido a empresas, têm também um lado perverso: a inadimplência está crescendo. Entre fevereiro de 2007 e fevereiro de 2008, houve um aumento de 7,1% na inadimplência de pessoas jurídicas. Entre o primeiro bimestre de 2007 e o mesmo período de 2008, a alta foi de 4,7%. Os dados são da Serasa, que analisa informações para decisões de crédito, e incluem firmas de todos os portes. Mas, de acordo com o levantamento, 99,8% das dívidas de pessoas jurídicas com bancos são de empresas de micro e pequeno portes. O estudo, lançado mensalmente, compila dados provenientes de bancos e cartórios de todo o país e registros do Banco Central. Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa, destaca que, apesar de o crescimento da inadimplência ser menor do que o verificado na comparação entre os primeiros bimestres de 2006 e de 2007, a alta deste ano incide sobre uma base maior. Entre os motivos para esse crescimento, Almeida destaca o aumento da tomada de crédito pelas empresas. "Há uma maior demanda delas por capital de giro e investimentos." Outras razões são a alta do emprego formal verificada em 2007, que levou as empresas a terem mais despesas com encargos trabalhistas, e a dilatação dos prazos de financiamento para o consumidor. Bancos Segundo dados da Serasa obtidos com exclusividade pela Folha, a dívida de empresas com bancos vem subindo nos últimos anos, com um pequeno decréscimo entre 2007 e 2008 (leia mais abaixo). Já o número de cheques sem fundos se mantém constante, enquanto a quantidade de títulos protestados vem diminuindo, com um leve aumento no último ano. Almeida explica que o protesto de títulos (dívidas registradas em cartório por credores) tem sido usado com mais ponderação, pois envolve custos para quem o faz. Entre janeiro e fevereiro de 2008, segundo a Serasa, houve uma queda de 11,3% na inadimplência de empresas -mas a baixa é atribuída à menor duração do mês de fevereiro. Filme queimado Ter o nome da empresa incluído no rol das devedoras teve más conseqüências para O.P., 43, dono de uma firma que organiza eventos. Ele contraiu dívidas com empresas de transporte e hotéis, pois, no final de 2006, não pagou os gastos de uma competição que promoveu. "Como não honrei as dívidas, cheguei a ser ameaçado de morte por credores", afirma. O.P. atribui a situação atual de sua empresa -que ainda deve cerca de R$ 120 mil- à sua inexperiência no ramo e à carência de uma infra-estrutura administrativa adequada. "Mas, com nossos novos projetos, deveremos voltar ao azul até o início do ano que vem." Segundo Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, a pequena empresa tem mais dificuldade em lidar com a inadimplência. "Ela não tem canais para se capitalizar rapidamente, como recorrer ao mercado externo ou a linhas de crédito mais vantajosas", diz. Próximo Texto: Caixa vazio: Quitação de dívidas requer organização Índice |
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