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New York Times

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Bolívia vive revolta devido ao aumento da violência

Por WILLIAM NEUMAN

SANTA CRUZ, Bolívia - O vídeo chocante, gravado por uma câmera de segurança, mostra o matador perseguindo a vítima aterrorizada em plena luz do dia, em uma rua da cidade. A vítima parece pedir que sua vida seja poupada, tropeçar em uma tentativa de fuga, e em seguida o matador atira e a mata.

Repetido inúmeras vezes na televisão boliviana, o vídeo cristalizou a indignação pública quanto à onda de homicídios em Santa Cruz, uma cidade de 1,6 milhão de habitantes, a mais populosa da Bolívia e centro do crescente tráfico de drogas no país.

"Porque eles são tão impiedosos na hora de matar, quero que sejam apanhados imediatamente, vivos ou mortos", disse Carlos Romero, um dos principais ministros no governo do presidente Evo Morales nos dias posteriores ao homicídio, o que serviu para alimentar a percepção dominante de que o homem foi morto por um assassino de aluguel, talvez por conta de uma disputa relacionada a drogas.

A Bolívia, um dos países mais pobres da América do Sul, registrou 8,9 homicídios por 100 mil habitantes em 2010, ante 6,5 em 2005, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

O país está bem mais seguro do que vizinhos como o Brasil, com 21 homicídios por 100 mil habitantes, ou a Venezuela, com 45, de acordo com os dados da ONU. Mas a Bolívia está enfrentando uma intensificação no tráfico de drogas e no uso de drogas pelos seus cidadãos. Trata-se do terceiro maior produtor mundial de coca, a planta usada para fazer cocaína, e tem uma longa fronteira com o Brasil, considerado um dos mercados de drogas de mais rápido crescimento no mundo. Os bolivianos também recebem drogas do vizinho Peru.

"Hoje, o que estamos vendo é isso: crime organizado, máfias, tráfico de drogas, dinheiro sujo, armas, e isso indubitavelmente vai causar alta rápida nos índices de criminalidade", disse Vladimir Peña, secretário do Interior na província de Santa Cruz.

Um dia depois do homicídio registrado no vídeo, disse Romero, o governo preparou um plano de emergência para reprimir o crime violento em Santa Cruz. Isso inclui ampliar as operações contra traficantes de drogas em pequena escala e realizar buscas em bordéis para localizar estrangeiros presentes ilegalmente no país.

Abril foi o pior mês para Santa Cruz, com pelo menos oito pessoas mortas. Um peruano foi morto com 14 tiros por assassinos de aluguel que, segundo a polícia, estavam trabalhando para uma colombiana que comanda uma quadrilha de drogas. Um pecuarista foi encontrado morto a tiros em uma região rural, com as mãos amarradas, e sua mulher foi acusada de pagar US$ 4 mil por sua morte.

Mais tarde veio o assassinato de Honorio Rodríguez, 47, o homem do vídeo. No total, aconteceram 16 homicídios em Santa Cruz nos primeiros quatro meses deste ano, ante nove no período em 2012, de acordo com a polícia.

Um homem de 29 anos, de Santa Cruz, confessou a morte de Rodríguez. A polícia está investigando uma possível conexão com as drogas.

Roxana Bonilla, 50, viúva de Rodríguez, insistiu em que seu marido não tinha envolvimento com drogas e que muitas vezes havia expressado preocupação com a alta no crime.

"Ele sempre nos dizia que, ao sair, a pessoa nunca sabia se voltaria para casa, com todas as coisas que estavam acontecendo."


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