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New York Times

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Análise

'Big data'decepciona economistas

Por JAMES GLANZ

Às vezes descritos como "o novo petróleo", os volumes imensos de dados que circulam pela internet também já foram comparados a inovações como a locomotiva a vapor, as redes elétricas e o rádio.

Em 2005, havia 30 bilhões de gigabytes de vídeo, e-mails, transações na web e "business-to-business analytics" [processos de descoberta e comunicação de padrões significativos de dados entre empresas]. A expectativa é que em 2013 esse número aumente mais de 20 vezes e que seu crescimento seja exponencial nos próximos anos, segundo a Cisco Systems, do setor de hardware de redes.

A Cisco estima que cerca de 2 trilhões de minutos de vídeo circularam pela internet a cada mês de 2012, o que equivale a mais de 1 milhão de anos de vídeo por semana.

A primeira onda da internet, entre os anos 1990 e 2005, trouxe novos serviços, como e-mail, busca on-line e banda larga. Para o segundo ato, o setor da internet depositou suas esperanças no poder do "big data" [captura e análise de dados em volume maciço] de energizar a economia.

Há apenas um problema: a economia se encontra estagnada e assim se manteve durante o aumento mais recente de tráfego de dados na web. A taxa de crescimento da produtividade, cujo aumento constante entre os anos 1970 e a década de 2000 foi atribuído às fases anteriores das revoluções do computador e da internet, vem caindo. As tendências econômicas globais são complexas, mas é possível argumentar que o desaquecimento começou por volta de 2005 -justamente quanto o "big data" apareceu.

Esses fatores levam alguns economistas a questionar se o "big data" algum dia terá impacto comparável ao da primeira onda da internet, o que dirá das revoluções industriais dos séculos passados. De acordo com uma teoria, o "big data" está crescendo graças à canibalização das empresas existentes na competição por clientes, não pela criação de oportunidades fundamentalmente novas.

Em alguns casos, empresas on-line como Amazon e eBay disputam clientes. Mas em outros -e é aqui que entra o canibalismo-, as empresas estão devorando empresas de publicidade, mídia, música e varejo tradicionais, disse Joel Waldfogel, economista da Universidade de Minnesota.

"Um setor cai e outro se eleva. Está bastante claro que o digital é um substituto do físico", disse o economista. "Não faz sentido enxergar a ascensão digital como incremento líquido à economia."

O professor de economia Robert J. Gordon, da Universidade Northwestern, em Illinois, considera que comparar o "big data" ao petróleo é bobagem. "A gasolina possibilitou uma revolução dos transportes, com a substituição dos cavalos pelo automóvel e dos trens pelo transportes aéreos comerciais", disse ele. "Se alguém acha que dados pessoais são comparáveis ao petróleo e a veículos, é porque não entende a realidade do século passado."

Outros economistas acham que o maior impacto do "big data" só virá quando engenheiros treinados na manipulação de dados se formarem e start-ups movidas a dados começarem a contratar. Eles observam que investimentos em infraestrutura muitas vezes levam anos para trazer recompensas grandes.

E é claro que a recessão pode estar mascarando o impacto da revolução de dados. Mesmo assim, alguns desconfiam que, no final, nossa visão atual do "big data" e da "nuvem" pode não passar de miragem.

"Acho concebível que a era dos dados não possibilite as coisas para as quais as pessoas esperam que ela seja útil", opinou Scott Wallsten, membro sênior do Instituto de Política de Tecnologia e do Centro Georgetown de Política Pública e Empresarial, em Washington.

Para ele, será preciso surgir alguma utilização inteiramente nova para que os dados possam realizar seu potencial econômico.


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