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Uma sinfonia de tacos, tubos e degraus

Por CAMPBELL ROBERTSON

NOVA ORLEANS - Mannie Fresh estava em uma torre de madeira numa tarde quente do mês passado, olhando um conjunto de remos de madeira eletrificados embutidos numa parede. Era um instrumento bizarro, algo que ele nunca tinha visto em todos seus anos como produtor de hip-hop, mas ele ia tocá-la em um show naquela noite.

Fresh falou que, quando concordou em participar do concerto, lhe disseram: "Você vai ter uma casa, e a casa faz música. Chegando lá você vai entender."

"The Music Box", o projeto que inclui a torre, segundo seu curador, Delaney Martin, é "um laboratório sonoro de favela".

Literalmente falando, é uma coleção de estruturas de madeira e metal decrépitas erguidas no local, que é composto quase inteiramente do que restou de uma casinha simples do final do século 18 que desabou dois anos atrás no bairro histórico de Bywater, em Nova Orleans.

Cada estrutura abriga um instrumento, ou dois ou três. Em alguns casos as próprias estruturas são instrumentos musicais. Há um barraco com telhado de sapê que abriga vibrafones balineses, um barraco com tacos do piso amplificados, uma escadaria rústica em espiral que é também um órgão de tubos operado pelos pés, e uma casinha de vidro que contém uma saia rodada gigante forrada de sinos.

"The Music Box", como instalação de arte e orquestra, tem três apresentações marcadas: uma que já aconteceu, em outubro, outra em novembro e uma terceira em 10 de dezembro. Mas é um "test drive" de uma casa musical gigantesca chamada "Dithyrambalina" que será erguida no mesmo local após "The Music Box" ser desmontada.

O grande nome envolvido no projeto é Swoon, artista nova-iorquina de instalações que é conhecida por ter criado uma flotilha de barcos que desceram o rio Hudson e apareceram na Bienal de Veneza. Swoon idealizou "Dithyrambalina", e as figuras elaboradas de papel recortado que ela criou enfeitam as paredes das estruturas temporárias.

Mas a ideia da casa foi coletiva, tendo surgido quando Swoon e vários de seus amigos de Nova Orleans discutiam o que fazer com a casinha que desabara.

Vinte e três artistas participaram da criação da "favela musicada", incluindo criadores locais e internacionais, como o músico suíço Simon Berz, que criou uma cadeira de balanço amplificada e reconfigurada. O elenco de artistas que participam dos concertos é rotativo e eclético.

Quem tocou os vibrafones balineses no mês passado foi Dickie Landry, saxofonista e membro fundador do Philip Glass Ensemble. Nicky Da B, rapper do cenário Bounce, de Nova Orleans, estava no microfone, e o dossel de sinos foi tocado por Theris Valvery, que se fantasia de índio no Mardi Gras e estava a caráter.

O concerto teve desde um ritmo feito com sons de chocalho até um "lençol" de barulho e o som de uma tempestade.

Então todos na plateia se levantaram e foram explorar a cidadezinha. Foi uma chance rara de fazê-lo, já que ela provavelmente será desmontada durante o próximo trimestre.

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