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New York Times

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Norte-americanos invadem seara literária britânica

Por STEVEN ERLANGER

LONDRES - Os americanos estão chegando, e o mundo literário britânico não está gostando.

O Man Booker Prize, que até agora era aberto a romances em língua inglesa do Reino Unido, de países da Comunidade Britânica, da Irlanda e do Zimbábue, acaba de se globalizar, provocando o receio de que a diversidade cultural seja prejudicada e que a hiperpotência cultural americana, que já domina o cinema e a televisão, acabe por esmagar o gênero literário do romance.

Lançado em 1969, o prêmio Booker de Ficção era visto como uma proteção contra a disseminação do romance americano, produto globalizado do mercado mais rico do mundo.

O prêmio já impulsionou autores canadenses, como Michael Ondaatje e Yann Martel, além de indianos, como Kiran Desai e Aravind Adiga.

Com o anúncio da mudança, a premiada historiadora e escritora Antonia Fraser renunciou ao cargo de assessora da organização do Prêmio Booker. Mas Jonathan Taylor, presidente da Fundação Prêmio Booker, declarou: "Estamos abandonando as restrições da geografia e das fronteiras nacionais para que nosso prêmio passe a ser verdadeiramente internacional".

O romancista britânico Philip Hensher, finalista do Booker e membro do júri do prêmio, vê uma perda de vozes novas e interessantes.

"O romance americano é culturalmente dominante", observou. "É difícil pensar em romances americanos que não cheguem ao mundo anglófono maior. Mas posso pensar em romances canadenses, indianos ou africanos que encontram dificuldade em chegar a uma base mais ampla de leitores."

As críticas ao prêmio são um verdadeiro "esporte" literário desde que o Booker surgiu. A.L, Kennedy, membro do júri em 1996, disse que o vencedor é determinado por "quem conhece quem, quem está dormindo com quem, quem está vendendo drogas a quem, quem está casado com quem e de quem é a vez".

Alguns argumentam que o Booker, que vem acompanhado de um prêmio de cerca de US$ 80 mil, perdeu valor literário desde 2002, quando passou para as mãos da multinacional financeira Man Group.

Parte do impacto do prêmio se deve à publicação de uma "longa lista" de semifinalistas e uma "lista curta" de seis finalistas. As duas listas chamam a atenção do público a escritores que têm poucas chances de ganhar e a editoras menores. O receio agora é que essas listas sejam dominadas por autores americanos, reduzindo as chances de o público descobrir nomes ousados, desconhecidos ou novos.

A escritora Linda Grant, finalista do Booker em 2008, disse que "existem dois prêmios literários que podem mudar a carreira de quem os ganha, o Booker e o Pulitzer". Agora, os escritores britânicos e da Comunidade Britânica "enfrentarão mais concorrência por um prêmio que pode mudar sua carreira. Já os escritores americanos terão um novo prêmio".


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