Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

New York Times

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Arquitetura conquista espaços vazios

Por ROBIN FINN

Quem olha para o alto em Manhattan, hoje em dia, corre o risco de ver não o céu, mas estruturas horizontais que se projetam das laterais de torres residenciais, tomando espaços antes ocupados pelo ar. Normalmente construídas de vidro e aço e suspensas no ar, elas não são ilusões de ótica. Na realidade, são cantiléveres.

A popularidade crescente dos cantiléveres em imóveis residenciais de luxo (e em alguns comerciais também) parece estar sendo movida por considerações econômicas, mais do que estéticas.

Possibilitados por avanços tecnológicos -o aço estrutural e o concreto reforçado conspiraram para tornar praticamente obsoletas as paredes de carga-, os cantiléveres são uma consequência pouco surpreendente das transferências de direitos de uso do espaço aéreo, que já vinham possibilitando edifícios altíssimos.

Essas transferências foram permitidas após uma mudança nos códigos de zoneamento de Manhattan, em 1961, que definiu cotas de densidade para cada bairro. Os donos de imóveis pequenos que quisessem mantê-los assim podiam vender seus direitos de uso do espaço aéreo para construtoras, e o acúmulo de transferências como essas resultou em alguns edifícios residenciais altíssimos.

Mas por que se limitar a construir edifícios cada vez mais altos, quando havia a oportunidade de construí-los mais largos, por meio de extensões para dentro do espaço aéreo não utilizado de um vizinho? A construção de cantiléveres pode ser cara e difícil. Mas sua razão custo/eficácia é determinada pelo espaço construído acrescentado e pelas vistas mais belas proporcionadas. Os defensores do cantiléver dizem que as taxas de transferência representam uma fonte de renda para os donos de imóveis que se dispõem a abrir mão de sua opção de ampliação futura. Além disso, argumentam que os cantiléveres são uma atração arquitetônica, já que destacam a criatividade.

"A construção imobiliária em Nova York é uma partida de xadrez tridimensional", disse Dan Kaplan, sócio da empresa FXFowle Architects, "e o motivo pelo qual estamos vendo um aumento na construção de cantiléveres que se projetam sobre imóveis vizinhos está ligado à dificuldade de encontrar terrenos nos quais seja possível aproveitar todos os direitos de construção disponíveis."

Se os cantiléveres que vêm brotando em Nova York são maravilhas da criatividade arquitetônica ou estruturas esdrúxulas que enfeiam a cidade, impostas pelas construtoras, isso é algo que só o espectador pode decidir.

Um cantiléver projetando-se sobre o imóvel histórico da Arts Students League, na rua West 57th, foi aprovado pela Comissão de Preservação de Marcos da Cidade, embora um membro discordante da comissão o tenha descrito como uma bizarrice.

Um cantiléver de sete metros na rua East 22nd também foi recebido com resmungos. Os compradores parecem gostar das estruturas projetadas no ar. Nancy Belsky e seu marido, Mark, compraram seu apartamento de cobertura no 17° andar do edifício Isis três anos atrás.

O Isis, na rua East 77th, possui um par de cantiléveres de dois metros. Os Belsky não tinham pensado em viver num edifício com cantiléveres, mas adoraram o layout do apartamento.

"Além das janelas de parede inteira e dos dois terraços", comentou Nancy, "há esse ambiente quase transcendental, essa projeção que nos insere na beleza que é Nova York. Há uma sensação de estar em harmonia com o ambiente, quase como nas obras de Frank Lloyd Wright."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página