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New York Times

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Lente

Pequenos espaços para chamar de lar

O lendário músico country americano Merle Haggard cresceu em um vagão de trem de carga.

Para Luís 14 e família, lar era o Palácio de Versalhes, embora Maria Antonieta, a rainha de seu neto, Luís 16, tenha fugido da vida da corte para o mais modesto Petit Trianon. Posteriormente ela mandou construir todo um vilarejo próximo, onde podia simular a vida rural, pelo menos até que alguns franceses baderneiros obrigassem a família real a voltar a Paris em 1789.

Os Haggard viajaram da zona das tempestades de areia em Oklahoma até a terra prometida da Califórnia em 1935. O pai de Merle, que trabalhou como carpinteiro na ferrovia, transformou um vagão durante a Depressão e o estacionou junto aos trilhos perto de Bakersfield.

"As paredes eram grossas: frias no verão e quentes no inverno", disse ao "NYT" Lillian Haggard Rea, 93, irmã do músico. Era "simplesmente uma casa maravilhosa de se viver".

Os "profundos sentimentos [de Merle Haggard] sobre a casa ficam evidentes em canções como 'Oil Tanker Train', em que ele lembra de quando era menino e sua mãe o acordava para ver os trens, sabendo que se aproximavam devido ao tremor do vagão", reportou o "NYT".

Para os moradores de Quixote Village, perto de Olympia, Estado de Washington, o lar tem pouco menos de três metros de largura por cerca de seis de comprimento. Mas, para os sem-teto ou os que viviam em barracas, essas pequenas casas -com um colchão, lençóis, aquecimento, banheiro e pia- parecem um palácio.

As unidades da Quixote Village custam cerca de US$ 19 mil para serem construídas e são um esforço para encontrar abrigo permanente para os pobres e sem-teto crônicos, problema que aflige quase todas as cidades americanas. O enclave pode servir de inspiração para projetos habitacionais em todo o país, relatou o "NYT".

"Que eu saiba, esse é o primeiro exemplo do uso de micro-habitação como moradia subsidiada para pessoas muito pobres", disse ao "NYT" Ginger Segel, da empreiteira sem fins lucrativos Community Frameworks.

"É uma coisa óbvia. As pessoas estão vivendo em barracas. Elas vivem em carros, vivem nas florestas."

Durante a maior parte do ano passado, o Museu da Cidade de Nova York mostrou uma das melhores maneiras de se viver em cerca de 30 metros quadrados: um apartamento com mobiliário flexível. Sua exposição "Making Room" [Abrindo espaço] incluiu os projetos vencedores de um concurso de modelos habitacionais patrocinado pelo ex-prefeito Michael Bloomberg, uma iniciativa para combater a falta de moradias na cidade.

A exposição chamou a atenção para os nova-iorquinos que viviam em pequenos espaços.

O arquiteto Luke Clark Tyler mostrou um vídeo de sete minutos feito em seu apartamento de 7,25 metros quadrados no YouTube e recebeu quase 2 milhões de acessos. Felice Cohen, que também vivia em Manhattan em um espaço ligeiramente maior, de 8,4 metros quadrados, tem um vídeo on-line de cinco minutos que foi visto mais de 5,8 milhões de vezes.

A "inveja de apartamento" que essas histórias inspiraram foi mais sobre o aluguel barato do que qualquer outra coisa. Apesar de técnicas organizacionais impressionantes que lhes permitiram viver de maneira confortável em pequenos espaços e do discurso elevado sobre uma vida simples, nem Cohen nem Tyler continuam naquelas casas minúsculas.

O vídeo de Cohen de seu apartamento, que era uma sublocação ilegal, a fez ser despejada, e ela se mudou para um apartamento maior próximo, relatou o "NYT". Tyler foi para a costa oeste dos Estados Unidos. "Tenho meu próprio banheiro", ele disse ao "NYT". "O que é realmente bom, devo admitir."

TOM BRADY

Envie comentários para nytweekly@nytimes.com


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