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New York Times

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Ilegalidade devasta florestas hondurenhas

Por ELISABETH MALKIN

COPÉN, Honduras - Nove homens retiravam mogno da floresta quando Alonso Pineda e seu filho apareceram portando espingardas. Os dois são alvo de um mandado de prisão por desmatamento ilegal. "Esta é uma propriedade privada, e essa árvore é contrabando", gritou Pineda.

As alegações de Pineda eram falsas, presumivelmente parte de um ardil para ele mesmo se apoderar da madeira. Na realidade, os homens que cortavam a árvore naquele dia são de uma cooperativa legal que faz o manejo da floresta há quase 15 anos e tem acordos com o governo, que incluem permissões para retirar o valioso mogno, deixando o restante das matas intacto.

"Você vai ter que me matar para que eu saia daqui", respondeu um dos homens. Outro acionou uma serra portátil. A dupla de foras da lei sumiu entre as árvores.

Segundo moradores e especialistas, Pineda já liderou colonos na derrubada de árvores para substituí-las por milharais e pastagens, que eventualmente podem ser vendidas. As comunidades que conservam a floresta, que é propriedade do Estado, dizem estar perdendo seu meio de subsistência devido a tais incursões. "Nós temos os direitos, mas não conseguimos exercê-los porque não há lei", disse Eliberto Barahona, presidente da Brisas de Copén, uma das várias cooperativas que atuam legalmente no Parque Nacional Sierra Río Tinto. "Não há apoio e estamos desprotegidos."

O Estado de direito sempre foi frágil em Honduras, mas, desde um golpe em 2009, ele se desintegrou ainda mais rapidamente, sob a pressão da corrupção e do tráfico de drogas.

Há muito tempo, madeireiras ilegais, criadores de gado e especuladores fundiários devastam essa região do leste do país. Agora que Honduras virou caminho para o envio de drogas aos EUA, há mais dinheiro para pagar invasores de terras, que derrubam a floresta para atividades como pecuária, que podem servir para "lavar" o dinheiro das drogas.

Mais de uma década e considerável apoio internacional foram necessários para que Copén e alguns outros vilarejos na orla da reserva de biosfera de 526 mil hectares de Río Plátano se tornassem modelos de conservação florestal. O governo hondurenho permite que as comunidades locais do Vale Sico-Paulaya vendam uma quantidade limitada de mogno da floresta, dando-lhes um incentivo para protegê-la e manejá-la durante anos.

Em Copén, o manejo florestal permitiu arcar com uma microusina hidrelétrica e melhorias em escolas.

O novo presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, prometeu agir com mão de ferro no combate ao tráfico de drogas e à ilegalidade, mas silvicultores dizem que essa abordagem não contempla o problema subjacente.

Mesmo que as autoridades prendam os Pineda, não há garantia de que um juiz os manterá na cadeia. "É provável que esse tipo de homem tenha alguém muito poderoso economicamente por trás dele", disse Filippo Del Gatto, que ajudou a montar as primeiras cooperativas na década de 1990.

Um ano atrás, Carlos René Romero, um dos principais diretores do Instituto Florestal Nacional, foi assassinado em sua casa na capital, Tegucigalpa. Ele era um respeitado especialista em florestas e tinha fama de fazer cumprir a lei. Ninguém foi detido pelo crime.

As autoridades locais se sentem impotentes. Anibal Duarte, prefeito de Iriona, o município que abrange a área, disse ter encontrado uma unidade militar ambiental, mas que os comandantes eram trocados frequentemente e nada faziam.

"As estratégias não funcionaram", disse Duarte. "Certamente precisamos de outra estratégia, mas não sei qual seria."


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